quarta-feira, 27 de março de 2013

PORQUE NÃO TE CALAS? (1)

 
Tantas são as enormidades, imbecilidades, cavalidades e outras impunidades que vão sendo ditas no espaço público – mostrando à saciedade quão liberal ainda é a sociedade em que vivemos, pelo menos em relação a qualquer tipo de imposição sobre a asneira… – que devo confessar a minha já longa resistência, de muitos meses, à tentação de aqui propor ao meu sócio e parceiro António Figueiredo a inauguração de uma nova rubrica neste blogue: uma espécie devidamente recauchutada do tão badalado “Porque não te calas?”…
 
Lanço hoje a toalha ao chão e aqui deixo a ideia pelo seu valor facial, consciente de que a sua eventual aplicação se traduzirá incontornavelmente por algum enviesamento euro-europeu e luso-português. E nada melhor, na presente conjuntura, do que apontar como primeiro nomeado – de entre uma incontável multidão de possíveis candidatos – o jovem Jeroen (chamemos-lhe assim, já que Dijsselbloem é quase pornográfico para os nossos brandos costumes!).

Citando-o a partir de uma entrevista (concedida conjuntamente ao FT e à Reuters) que poderá ficar para os anais do desastre europeu: “Penso que a abordagem tem de ser: Vamos lidar com os bancos dentro dos bancos primeiro, antes de olharmos para o dinheiro público, seja ele recapitalização direta ou qualquer outro instrumento vindo do lado público. Os bancos devem basicamente ser capazes de se salvar a si próprios ou, pelo menos, de se reestruturar ou recapitalizar a si próprios tanto quanto possível.” Saque (re)anunciado aos depósitos, portanto, não obstante o penoso esforço de corrigir a gaffe inicial de considerar o modelo cipriota como template para futuras intervenções – com prováveis consequências antecipáveis: fuga de capitais, corrida aos bancos, restrições à liberdade de circulação financeira, crise social, fim da moeda única…

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