Tenho um pressentimento pouco esperançoso quanto ao que
resultará da sétima avaliação da TROIKA e também do novo posicionamento do PS,
mostrando-se mais combativo perante as três instituições internacionais nela
representadas. Transparece do que se vai lendo de que o Governo está sem soluções,
não sabendo no seu núcleo central como dar a volta ao insucesso e à fragilidade
em que se encontra seja pela perda total de respaldo e compreensão populares,
seja pela incapacidade de antecipar qualquer recuperação por mínima e
incipiente que se apresente. Por outro lado, a oposição europeia ao pressuposto
da austeridade a todo o preço é frágil e não se vislumbra alternativa de peso
capaz de fazer infletir essa orientação. Duas das três instituições da TROIKA
(Comissão Europeia e Banco Central Europeu) continuam reféns do primado da
austeridade e a terceira FMI é suficientemente heterogénea internamente nas
suas relações de força para não se produzir a curto prazo qualquer alteração
substancial da sua posição apesar do mea culpa do seu economista-chefe quanto à
subavaliação dos efeitos recessivos da austeridade. Nas duas instituições mais
bloqueadas, CE e BCE, duas personalidades do sul, Barroso (a qualificação do
que exportamos continua lenta) e Draghi têm compromissos de representação de
interesses perfeitamente alinhados com as posições mais conservadoras. Não será
por aí que virão ventos de mudança, mesmo que Draghi vá mantendo o barco do
Euro com um mínimo de estabilidade.
No Governo, o CDS aparentemente tomou a responsabilidade
de negociar os 4.000 milhões, mas a compressão estrutural da despesa continua
por clarificar a que critérios vai obedecer. Quanto aos doutrinários do Governo,
o impasse é total: perante um desemprego cujo descontrolo de antecipação e
monitorização é por demais evidente e cuja magnitude quebra todos os equilíbrios
possíveis em torno da despesa social compulsiva, só a descida de salários e do
salário mínimo faz luz em cabeças tão insensíveis e empedernidas. E regressa
tudo à estaca zero, com praticamente os mesmos protagonistas a esgrimirem de
novo as suas posições, ou seja praticamente todos contra Borges. Não é preciso
frequentar Harvard ou outra Escola do tipo para compreender que sem
investimento, privado e/ou público, a trajetória do desemprego não será
invertida ou pelo menos estancada. Mas alguém de bom senso acredita que descer
o salário mínimo constitui fator de retoma do investimento?
Sorrateiramente mas com alguma persistência, o secretário
de Estado adjunto do Ministro da Economia e do Desenvolvimento Regional vai
fazendo o seu caminho contrastando com a inépcia dominante. Parece ter assumido
de uma vez por todas a aceleração do processo de preparação do novo QREN, tem
trabalhado minimamente com os territórios, mesmo com CCDR debilitadas e vira-se
agora para uma tentativa de estancar a derrocada da construção civil. Ouvi-o na
sessão em Évora em que tive uma intervenção e não pude deixar de confirmar que
há um programa de atuação, contrastando com a ausência de perspetivas de
governação futura para a esmagadora maioria do Governo. Do mal o menos.
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