Volto amanhã à estrada para intervir em Évora na
Conferência Plano de Ação Regional Alentejo 2020, organizada pela Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento Regional e inserida no processo finalmente em
marcha de preparação.
Não tem sido fácil expressar opinião e capacidade
reflexiva neste tipo de iniciativas, em regra ocupadas por “entourages” próximas
da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional e das próprias CCDR, com
destaque para a presença massiva que o Augusto Mateus tem conseguido em múltiplos
aparecimentos.
Há que aproveitar e desta vez, invocando algum
trabalho que tenho realizado no Alentejo, designadamente na área da atração de
residentes, da rede de municípios (centros urbanos) do chamado Corredor Azul (o
arco geoestratégico de Sines a Elvas, passando por Évora), cabe-me falar do
eixo “Crescimento Sustentável” na programação Alentejo 2020.
Vou tentar partir da excelência ambiental do
Alentejo como base de um novo paradigma de sustentabilidade para a Região, sobretudo
do ponto de vista do seu potencial de combinação com outros recursos: cultura,
gastronomia e património; atmosferas, estilos e modos de vida; atividades
económicas mais propensas a coexistir com a excelência ambiental; recursos
humanos com cultura ambiental avançada; amenidades e amigabilidade urbana. Essa
excelência ambiental tem uma natureza compósita: recursos naturais; paisagem
cultural; sistemas multifuncionais (montado, por exemplo); autenticidade;
integridade; biodiversidade com presença humana.
Sei, entretanto, que o tema é controverso na
Região. O Alentejo que luta contra a estagnação, que rejeita os estigmas do
passado, que pugna pela inovação, por mais conhecimento, por emprego
industrial, por cosmopolitismo e internacionalização, por uma nova agricultura pode
não se rever no fator diferenciador da excelência ambiental e no potencial de
combinação de recursos que ela tenderá a potenciar. Mas será um erro que pode
custar à Região uma elevada penalização. A excelência ambiental da Região,
sobretudo se for entendida como elemento central de combinação com outros
recursos diferenciadores, como as atmosferas, os estilos de vida e de gestão do
tempo, a convivialidade dos centros urbanos manejáveis e de pequena dimensão, o
enorme esforço na infraestruturação das condições de vida locais concretizado
pelos municípios é, pelo contrário, um excelente passaporte para um Alentejo
com mais inteligência, mais talento, mais conhecimento, mais cosmopolita, mais
propenso a tirar partido dos seus principais ativos de internacionalização.
Veremos como o auditório da CCDR Alentejo reagirá
a esta perspetiva.
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