segunda-feira, 4 de março de 2013

ALENTEJO 2020




Volto amanhã à estrada para intervir em Évora na Conferência Plano de Ação Regional Alentejo 2020, organizada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e inserida no processo finalmente em marcha de preparação.
Não tem sido fácil expressar opinião e capacidade reflexiva neste tipo de iniciativas, em regra ocupadas por “entourages” próximas da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional e das próprias CCDR, com destaque para a presença massiva que o Augusto Mateus tem conseguido em múltiplos aparecimentos.
Há que aproveitar e desta vez, invocando algum trabalho que tenho realizado no Alentejo, designadamente na área da atração de residentes, da rede de municípios (centros urbanos) do chamado Corredor Azul (o arco geoestratégico de Sines a Elvas, passando por Évora), cabe-me falar do eixo “Crescimento Sustentável” na programação Alentejo 2020.
Vou tentar partir da excelência ambiental do Alentejo como base de um novo paradigma de sustentabilidade para a Região, sobretudo do ponto de vista do seu potencial de combinação com outros recursos: cultura, gastronomia e património; atmosferas, estilos e modos de vida; atividades económicas mais propensas a coexistir com a excelência ambiental; recursos humanos com cultura ambiental avançada; amenidades e amigabilidade urbana. Essa excelência ambiental tem uma natureza compósita: recursos naturais; paisagem cultural; sistemas multifuncionais (montado, por exemplo); autenticidade; integridade; biodiversidade com presença humana.
Sei, entretanto, que o tema é controverso na Região. O Alentejo que luta contra a estagnação, que rejeita os estigmas do passado, que pugna pela inovação, por mais conhecimento, por emprego industrial, por cosmopolitismo e internacionalização, por uma nova agricultura pode não se rever no fator diferenciador da excelência ambiental e no potencial de combinação de recursos que ela tenderá a potenciar. Mas será um erro que pode custar à Região uma elevada penalização. A excelência ambiental da Região, sobretudo se for entendida como elemento central de combinação com outros recursos diferenciadores, como as atmosferas, os estilos de vida e de gestão do tempo, a convivialidade dos centros urbanos manejáveis e de pequena dimensão, o enorme esforço na infraestruturação das condições de vida locais concretizado pelos municípios é, pelo contrário, um excelente passaporte para um Alentejo com mais inteligência, mais talento, mais conhecimento, mais cosmopolita, mais propenso a tirar partido dos seus principais ativos de internacionalização.
Veremos como o auditório da CCDR Alentejo reagirá a esta perspetiva.

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