sexta-feira, 15 de março de 2013

DE VITÓRIA EM VITÓRIA…

 

Pela sétima vez, “a avaliação foi positiva”. Para gregos e troianos, ou portugueses e troikanos, e como tinha e irá tendo forçosamente de acontecer. Até à derrota final?
 
A lata de Gaspar rebenta de incontinência. Debaixo de uma linha orientadora que José Pacheco Pereira assim tão bem caraterizou como enformadora da nossa política económica: “a transformação de factos consumados em argumentos”.
 
Exemplifico: em outubro (OE), Gaspar previra uma contração do PIB português de 1% para 2013; há três semanas, revira essa sua própria previsão de crescimento para o dobro (-2%); hoje, revê de novo em baixa a sua própria revisão e refere -2,3%. Não sem acrescentar, todavia, que “não devemos deixar-nos afundar em distinções semânticas” (como a ideia de “espiral recessiva”) e, num assomo digno de estadista, que “a recessão é séria, a recessão é grave, o desemprego é muito preocupante.” Chega mesmo a confessar, quase entristecido: “Se me pergunta qual é o maior desapontamento neste processo de ajustamento, não há qualquer espécie de dúvidas nem para si nem para mim: é a evolução do desemprego e, em particular, do desemprego jovem.” Mas, carpidas as mágoas e choradas as lágrimas de crocodilo que concede à política politiqueira, o místico volta à política ideologicamente determinada e tecnicamente comandada – e assim termina elaborando sobre “a sociedade portuguesa que sairá desta crise” e com uma prece redentora sobre “uma sociedade portuguesa mais aberta, mais competitiva, mais concorrencial, mais próspera e mais justa”.
 
Quase de imediato em relação à conferência de imprensa de Gaspar, a cavacal figura dava aos portugueses e aos líderes europeus uma magistral lição de economia, explicando-lhes que é preciso não ser rígido em relação à fixação de objetivos do défice em termos monetários, que importa deixar funcionar os estabilizadores automáticos e que “todo o segredo está no crescimento da produção”. Dito por outras palavras: já não há canções de amor como havia antigamente…
 
Adenda matinal, diretamente proveniente do “Público”: “o maior desapontamento” de Gaspar em forma de bê-á-bá…
 

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