Ainda a propósito do último “Quadratura
do Círculo”, onde Fernando Ulrich ocupou o lugar de Lobo Xavier. E, a dada
altura, José Pacheco Pereira não lhas poupou: “Eu acho que o problema é que ‘não
aguentam’. (…) Mas não aguentam porque o empobrecimento quebra o tónus de uma
sociedade, destrói os mecanismos da sociedade e, desse ponto de vista, isso não
se pode dizer. E não se pode dizer, acima de tudo, a partir de uma posição de
poder. Porque como hoje há claramente uma cogestão do País entre (…) certos
setores do poder político e a banca (…). E esta incompreensão de que nós
estamos a deitar fora o menino com a água do banho, e portanto ‘não aguenta’,
só pode dar torto. Eu acho que vai dar torto.
Ulrich, esse, lá meteu o rabo entre as
pernas e concordou com tudo. Que sim e que a culpa desse incidente
“aguentativo” foi de quem lhe tirou as declarações de contexto. E, embalando,
que é extremamente difícil sairmos desta situação sozinhos e que até defende um Plano
Merkel para a Europa do Sul, que é inexorável a degradação da situação
social da população sem pormos a economia a crescer, que não acredita
que podemos sair da crise só com políticas macroeconómicas e de mercado, que há
necessidade de atuações voluntaristas e de mobilizar os esforços de todos
(desde logo ao nível da criação de emprego e do investimento), que se revelou errada
a ideia de um encadeamento automático entre a austeridade e um processo de
crescimento económico virtuoso, que a sociedade portuguesa está triste,
descrente e sem energia…
Mas, espertalhão e sibilino, não
conseguiu conter-se e evitar um renovado ato de “meter a foice em seara
alheia”. E lá deixou no ar um outro motivo de envenenamento alaranjadamente
partidário da opinião pública. Assim: “Tenho esperança que venhamos a constatar
amanhã que, armado do reforço da credibilidade que conquistou ao longo destes
dois anos – com enormes custos de vários pontos de vista, estou de acordo –, o
Governo negociou de uma forma mais dura com a Troika. É a minha convicção, e
portanto eu penso que aqueles que estão a fazer oposição apenas dizendo que
negociariam melhor, provavelmente vão perder esse espaço a partir de amanhã.
Vão perceber, a partir de amanhã, que quem tem melhores condições para ocupar
esse espaço é o atual Governo e, em particular, o atual ministro das Finanças.”
Quem o feio ama, bonito lhe parece…
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