Há muito que aprecio os escritos da
jornalista do “Público” Alexandra Lucas Coelho (ALC), agora mais rotineiramente
presente, a partir do Brasil, na coluna “Atlântico Sul” do Caderno 2 dos
domingos. Esta semana falou-nos de Yoani Sánchez (acima caricaturada na “Veja”
pelo cartunista Lezio Junior), a bloguista cubana e crítica do regime que logrou
sair do seu país para visitar o Brasil à vigésima tentativa e recusa nesse
sentido.
Foi agressiva, embora razoavelmente localizada,
a mobilização de alguns contra Yoani, entre protestos e boicotes de vários
tipos. A tal se referiu a “Veja” – tão boa revista quanto crescentemente
reacionária – em moldes como “o eixo PT-Havana”, “o dossiê da vergonha” ou “os
dólares de Cuba para a campanha de Lula”. ALC, bem mais espessa, também se lhe
referiu no seu último artigo: por um lado, explicando-se – “Na história do
autoritarismo, a liberdade é sempre relativa: eles não são bem livres, mas têm
educação gratuita; eles não são bem livres, mas têm saúde gratuita; ou,
finalmente: eles não são bem livres, mas são iguais.” – e, por outro lado,
recorrendo às palavras da própria Yoani – “Que educação e saúde gratuitas com
um salário médio de 20 dólares? Quem recebe 20 dólares por mês já está a pagar
muito por educação e saúde. E se sobrevive não é por causa do Estado mas apesar
do Estado, multiplicando-se em esquemas para arranjar o que não há, incluindo
envios dos parentes que conseguiram partir. O regime cubano engendra delação,
corrupção, prostituição, emigração. Entretanto, navegar a sério na Internet só
em hotéis para estrangeiros.”
Perguntada sobre se é de esquerda ou de
direita, Yoani respondeu que o seu primeiro compromisso é com a liberdade. O
que ALC comenta sublinhando
que “eu também quero aquela Havana de carros velhos e ondas no Malecón e gente
com requebrado”, mas insistindo numa mensagem que, sendo talvez já clássica,
é sobretudo referencial: “que o primeiro compromisso da esquerda seja com a
liberdade”…
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