Antes leal a Vale, agora
leal a Coelho, a atual vice-presidente do PSD mostrou esta semana a sua mais
veemente indignação: “Não podemos pactuar com este desvio da rota democrática,
não podemos pactuar com esta dissensão do PS da responsabilidade que lhe
incumbe como maior partido da oposição. Basta de brincar com Portugal, basta de
utilizar instrumentos sérios da democracia para chicana política, para promover
instabilidade política.”
Teresa parece começar a
temer o pior. Para quem nunca tenha percebido porque um diplomata abandona uma
embaixada importante (Estocolmo) a troco de uma repetida e repetitiva incursão
política, saiba-se que o chefe de gabinete de Passos (Francisco Ribeiro de
Menezes, na foto por trás de Portas no primeiro Conselho de Ministros deste XIX
Governo Constitucional) é o marido que tão afanosamente ajudou a colocar por
perto dos cordelinhos do poder executivo.
E para quem não o recordar,
diga-se ainda que Menezes fez a sua formação profissional em governos
socráticos, com destaque para a chefia de gabinete do MNE Luís Amado. Sim, o
mesmo que este fim de semana, já após a decisão do PS de apresentar uma moção
de censura ao Governo, veio confirmar o seu inequívoco alinhamento partidário e
o seu perfeito sentido de oportunidade – como já fizera a propósito da guerra
do Iraque ou, enquanto ministro, em relação à necessidade de um governo de
coligação maioritário, à defesa de um teto constitucional para a dívida pública
ou à explicitação de que Sócrates se deslocara ao Qatar para vender dívida
nacional –, declarando-se adepto da estabilidade governativa e da continuidade
de Gaspar. Assim: “Acho que há duas condições absolutamente
indispensáveis: primeiro, garantir condições de estabilidade política para o
país, para haver estabilidade política a primeira condição é haver estabilidade
governativa, e a estabilidade governativa é conseguida pela maioria do governo.
Segundo, se o primeiro-ministro tiver condições para manter a coligação e para
manter o governo, não vejo razão para não manter a figura do ministro das
Finanças, sendo o ministro das Finanças uma peça fundamental no processo de
negociação e de implementação do programa. Apesar de tudo, apesar das
dificuldades que o país tem e dos problemas que tem conhecido, o país tem vindo
a ganhar credibilidade do ponto de vista externo, tem vindo a baixar
consistentemente o financiamento da economia portuguesa, as taxas de juro estão
em queda sustentada ao longo de muitos meses. Substitui-lo, este contexto,
seria um erro.”
Curiosamente, esta posição
favorável a uma mera remodelação
governamental aproxima-se da veiculada pelo CDS,
através de Pires de Lima e Diogo Feio, num exercício de equilibrismo virtuoso
que só virá a render se for anunciador de novos tempos. O que parece indicar o
pedido deixado por aquele eurodeputado quanto a "uma
palavra de apoio" da sua Comissão Política à candidatura de Rui Moreira à
Câmara do Porto.
Falando dessas mesmas eleições, Pinto da
Costa previu esta semana que a dita campanha não será interessante, tendo em
conta o perfil dos candidatos: “Menezes não vai poder dizer nem mal nem bem porque
é da mesma cor, laranja, do presidente da Câmara. Por aquilo que li, o grande
apoiante de Rui Moreira é o Rui Rio e o Manuel Pizarro é um homem cordato.” Ou
seja: longe vão os tempos (na imagem) em que Jorge Nuno via o presidente da
Associação Comercial como alguém que “seria um fantástico presidente da Câmara
do Porto “, pese embora já à época avisasse de uma condição sine qua non para tal: que a candidatura não viesse a ser patrocinada por Rui Rio, porque,
"se assim for, ainda vai parar ao mar".
E
assim fluem as notícias. Como o pensamento. Partimos de uma atual número 2 do
PSD, demos várias voltas e chegamos a um ex-número 2 do PSD. Aquela a ver a
vida a andar para trás, este a deixar-se colocar no epicentro da política à
portuguesa. Também com o alto patrocínio de Pacheco Pereira – mas isso são
contas de outro rosário…
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