O isolamento da política económica que subjaz
cinicamente a esta vitória de Pirro que o diferimento temporal das metas do défice
público e dos cortes dos 4.000 milhões de € está bem espelhado no negacionismo
de Cameron-Osborne ontem comentado neste espaço.
Na sua crónica de 12 de março, Martin Wolf, o
mais prestigiado e influente comentador do Financial Times, por isso não um
perigoso esquerdista, desintegrava, é o termo, a pretensa integridade das posições
do primeiro-ministro britânico: “O que é realmente incrível (jogando com as
palavras do próprio Cameron, comentário nosso) é que o Sr. Cameron não entenda que, quando
uma entidade que é responsável por cerca de 50% do PIB contrai a sua atividade
ao mesmo tempo que o setor privado também contrai a sua, o declínio no produto
global será tão elevado que as suas finanças acabarão por ficar pior do que
quando começaram”.
No caso do entalado Gaspar, a sua trajetória
anunciada para o desemprego deveria conduzir, com um simples pingo de vergonha e
de humildade intelectual, a reconhecer não estar fadado para a proeza. Mas o
negacionismo pega-se e não sabemos o que humilde servo prometeu a seus amos. Se,
pelo contrário, Gaspar entende que ainda não pagou com tempo suficiente de
serviço público o que Portugal lhe terá pago em formação, aconselho-o a rever
as suas contas. É que tudo isto conta para negativos. Quanto mais prolongar o
seu tempo de serviço público (para nós incómodo público) mais teria de
trabalhar para compensar estes custos generalizados que está a causar ao país.
Para além da sua espiral recessiva (que parece agora reconhecer) teria também
de se amanhar com uma espiral infernal de compensações. Já nos basta a
primeira.
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