sexta-feira, 15 de março de 2013

OS CARVALHOS ESTÃO A GANHAR COR …


(A caminho desta cor já registada no tempo)

Uma breve pausa bem merecida após dias complicados, agora já com o Portégé de écran novo a proporcionar outra mobilidade. Pausa aproveitada para confirmar que os carvalhos de Seixas estão a ganhar cor, evoluindo para aquele verde indescritível que anuncia o ciclo da primavera. Bastaria esse sinal para uma visão mais animada do que nos rodeia. Mas nem o ciclo da primavera e aquele verde dos carvalhos que finalmente chega de novo são suficientes para contrariar a depressiva visão de um ministro Gaspar a anunciar o enterro da sua própria estratégia, transformando os resultados da sua própria incapacidade num novo cenário a trilhar com os erros anunciados do costume. E mais depressivo ainda é o simulacro de presidente que disserta impotente sobre os malefícios de uma Europa da austeridade sem crescimento, jogando sempre com a historieta na qual já ninguém acredita de que em privado tem apertado os calos ao governo. Parece que com estes atores a peça será sempre depressiva, sendo por isso crucial que autárquicas, europeias, legislativas e presidenciais se transformem numa caminhada irreversível para arejar todo este ambiente, fazendo regressar às concelhias ou aos seus pequeninos mundos toda esta incompetente tropa. Começa a ser um problema de higiene e saúde pública. Se o dengue parece hoje reduzido a uma expressão residual na Madeira, como é que não será possível reduzir também a uma expressão compatível com a higiene e saúde pública toda esta gente responsável por uma “self-defeating” austeridade cada vez mais inequívoca.
O isolamento da política económica que subjaz cinicamente a esta vitória de Pirro que o diferimento temporal das metas do défice público e dos cortes dos 4.000 milhões de € está bem espelhado no negacionismo de Cameron-Osborne ontem comentado neste espaço.
Na sua crónica de 12 de março, Martin Wolf, o mais prestigiado e influente comentador do Financial Times, por isso não um perigoso esquerdista, desintegrava, é o termo, a pretensa integridade das posições do primeiro-ministro britânico: “O que é realmente incrível (jogando com as palavras do próprio Cameron, comentário nosso) é que o Sr. Cameron não entenda que, quando uma entidade que é responsável por cerca de 50% do PIB contrai a sua atividade ao mesmo tempo que o setor privado também contrai a sua, o declínio no produto global será tão elevado que as suas finanças acabarão por ficar pior do que quando começaram”.
No caso do entalado Gaspar, a sua trajetória anunciada para o desemprego deveria conduzir, com um simples pingo de vergonha e de humildade intelectual, a reconhecer não estar fadado para a proeza. Mas o negacionismo pega-se e não sabemos o que humilde servo prometeu a seus amos. Se, pelo contrário, Gaspar entende que ainda não pagou com tempo suficiente de serviço público o que Portugal lhe terá pago em formação, aconselho-o a rever as suas contas. É que tudo isto conta para negativos. Quanto mais prolongar o seu tempo de serviço público (para nós incómodo público) mais teria de trabalhar para compensar estes custos generalizados que está a causar ao país. Para além da sua espiral recessiva (que parece agora reconhecer) teria também de se amanhar com uma espiral infernal de compensações. Já nos basta a primeira.

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