A comparação entre os Eurobarómetros nº 67 de 2007 e 78
de 2012 é perfeitamente elucidativa quanto aos impactos da recessão e da
péssima abordagem à crise das dívidas soberanas sobre a confiança na União
Europeia e nas suas instituições. O ElPaís de domingo passado dedicou à comparação dos resultados um lugar de
destaque.
Itália, Bélgica, Irlanda, Eslovénia, Portugal, Chipre,
Grécia e Espanha são as economias em que a variação da perda de confiança é
mais elevada, provocando uma verdadeira inversão da estrutura de confiança dos
povos europeus na própria União Europeia. Grécia e Espanha são os países em que
a quebra de confiança é mais saliente, mas Portugal, apesar de apresentar uma
percentagem de respostas negativas não muito elevada, inverte
significativamente a sua posição, já que em 2007 era das economias em que a
confiança nas instituições europeias era mais elevada (período de ouro dos
Fundos Estruturais?).
Estamos perante mais uma evidência do abismo a que a
abordagem à crise europeia está a conduzir o espírito europeu. O paradoxo é
claro. Num momento em que a confiança nas instituições europeias devia estar
enraizada e nelas apoiada para superar as dificuldades, as desigualdades dos
impactos estão a colocar essa confiança necessária no ponto zero da esperança.
Perante esta trágica evidência, as princesas ofendidas a que me referia no meu
penúltimo post insistem a partir dos
seus gabinetes de Bruxelas em prolongar a dose. Cheira-me que isto vai acabar
mal.
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