segunda-feira, 11 de março de 2013

EUROBARÓMETROS



A comparação entre os Eurobarómetros nº 67 de 2007 e 78 de 2012 é perfeitamente elucidativa quanto aos impactos da recessão e da péssima abordagem à crise das dívidas soberanas sobre a confiança na União Europeia e nas suas instituições. O ElPaís de domingo passado dedicou à comparação dos resultados um lugar de destaque.
Itália, Bélgica, Irlanda, Eslovénia, Portugal, Chipre, Grécia e Espanha são as economias em que a variação da perda de confiança é mais elevada, provocando uma verdadeira inversão da estrutura de confiança dos povos europeus na própria União Europeia. Grécia e Espanha são os países em que a quebra de confiança é mais saliente, mas Portugal, apesar de apresentar uma percentagem de respostas negativas não muito elevada, inverte significativamente a sua posição, já que em 2007 era das economias em que a confiança nas instituições europeias era mais elevada (período de ouro dos Fundos Estruturais?).
Estamos perante mais uma evidência do abismo a que a abordagem à crise europeia está a conduzir o espírito europeu. O paradoxo é claro. Num momento em que a confiança nas instituições europeias devia estar enraizada e nelas apoiada para superar as dificuldades, as desigualdades dos impactos estão a colocar essa confiança necessária no ponto zero da esperança. Perante esta trágica evidência, as princesas ofendidas a que me referia no meu penúltimo post insistem a partir dos seus gabinetes de Bruxelas em prolongar a dose. Cheira-me que isto vai acabar mal.

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