sexta-feira, 23 de outubro de 2015

AFINAL...

(ilustração de Rainer Ehrt, http://www.cartoonmovement.com)


Uma interessante entrevista do patrãozinho Schäuble ao jornalista especializado em assuntos europeus Jean Quatremer, publicada por estes dias no “Libération”. Onde o próprio confirma o que Albuquerque sempre procurou negar ou, pelo menos, disfarçar: que Portugal fez parte dos quinze países da Zona Euro que defenderam, em plena crise grega do último Verão, que a melhor solução para o problema que se colocava à Grécia seria um timeout, uma espécie de suspensão da sua presença na moeda única durante um certo período de tempo (sabendo obviamente os ministros mais experientes/conscientes/sabedores que tal corresponderia na prática a uma saída definitiva ou, em termos talvez mais rigorosos, a uma expulsão acompanhada de falinhas mansas). Note-se, ainda, que o ministro alemão confirma também que houve quem manifestasse desacordo à volta da mesa (França, Itália e Chipre), isto é, que afinal não estavam todos/dezoito contra um.

A entrevista, e aquela questão concreta, também mereceram um comentário curioso da parte de um analista reputado como é Münchau, considerando este espantoso que uma mente legalista como a de Schäuble tivesse vindo propor algo (uma saída temporária de um país da Zona Euro e seu posterior regresso) que está completamente fora da “lei europeia”. Não sem acrescentar ainda que tal hipótese (such an ad-hoc policy decision) acarretaria perdas desnecessárias para muita gente (com a consequente e inevitável carga de processos litigiosos) e apenas impactaria de modo muito marginal (via desvalorização da moeda) no verdadeiro problema económico-financeiro da Grécia: a insustentabilidade da sua dívida. E cá estamos nós a voltar ao mesmo!

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