quinta-feira, 1 de outubro de 2015

ELEIÇÕES À PORTA, VAMOS A NÚMEROS


Com o dia do voto a aproximar-se, e as últimas sondagens a serem conhecidas, valerá a pena ir fazendo o trabalho de casa. Acima, os dados correspondentes aos valores absolutos registados pelos quatro principais contendores em presença, pela totalidade dos restantes partidos e em termos de brancos e nulos nas quatro eleições legislativas já havidas neste século. Abaixo, o mesmo tipo de informação expressa percentualmente e em número de mandatos obtidos.


Dou o pontapé de saída, com base nos dados acima e nas três sondagens hoje divulgadas: existem quase 9,7 milhões de inscritos; em caso de uma pequena redução da taxa de abstenção (arrisco 40%), haverá 5,8 milhões de votantes; se considerarmos a crescente tendência de “brancos e nulos” e a presença de um número recorde de 19 partidos (15 para além dos quatro maiores), não será excessivo avançarmos com 5% dos votantes em cada uma destas categorias (quase 300 mil pessoas em cada); os restantes votos “bons” concentrar-se-iam então naqueles quatro grandes partidos, arriscando eu talvez uma chave do tipo (por ordem igual à dos quadros acima): 39,5% - 32,5% - 9% - 8%. De acordo com esta previsão, e em termos de número absoluto de votos expressos, a coligação de direita chegaria a quase 2,3 milhões de votos (valor notável porque superior a 2009 e muito superior a 2005), o PS ficaria ligeiramente abaixo de Sócrates 2009 (em torno de 1,95 milhões de votos), a CDU teria o seu melhor resultado dos últimos anos (não apenas fixando os seus 400 e tal mil votantes fieis como conquistando mais uns tantos para atingir mais de 520 mil votos) e o Bloco teria o seu segundo melhor resultado de sempre (mais de 460 mil votos, só abaixo da excelência obtida em 2009). Quanto a mandatos, ainda pior a dificuldade de adivinhação, mas aí vai uma hipótese (pela mesma ordem): 105 – 90 – 19 – 14, ficando 2 lugares para entregar a dois de três pequenos partidos (PAN, Livre e PDR).

Além de toda a precariedade/aleatoriedade deste exercício, muitas questões condicionadoras ficam no ar. Aponto sobretudo duas: a distribuição de votos pelos 15 partidos mais pequenos (não é provável mas não pode excluir-se que algum concentre votos e possa eleger deputados somáveis à coligação ou ao PS) e a dinâmica final e o seu sentido mais determinante (de aproximação do PS à coligação ou de maior aposta nesta por via de uma daquelas lógicas clubistas tão portuguesas do “perdido por um” ou de ir atrás de quem vai ganhar). E ainda há os abstencionistas (que estimei em 3,87 milhões), gente que em todo o caso continuará a constituir-se no maior de todos os “partidos”. Uma coisa parece altamente provável: será certamente maior a sarrafusca do que a tão ansiada estabilidade...

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