(Bases de trabalho
para intervenções no horizonte)
O tema da globalização tem para mim uma dimensão afetiva muito clara. Foi
nele que investi uma grande parte do meu trabalho de leitura e investigação
quando se aproximava do fim a minha atividade docente na Faculdade de Economia
do Porto (FEP). Aí desenvolvi nos meus últimos três anos de profissão universitária
um curso sobre globalização e desenvolvimento económico que não teve substituto
naquela Escola até ao momento.
Pois desenham-se no horizonte próximo e mais mediato duas intervenções em
que irei com agrado regressar ao tema, numa revisita que constitui uma
excelente oportunidade para atualizar o curso em função do que vem acontecendo
ao mundo desde a crise financeira de 2007-2008 e após os efeitos da Grande
Recessão.
Na primeira quinzena de novembro deste ano, as Fundações AEP e Serralves
convidaram-me para uma sessão das VI Jornadas Empresariais organizadas por
estas fundações, dedicada ao tema “Mudar para Desenvolver”, onde me cabe intervir
numa sessão inicial, após a palestra de Viriato Soromenho Marques, centrada
sobre tendências de evolução da sociedade e da economia, moderado pelo José
Carlos Caldeira da Agência Nacional de Inovação e acompanhado de José Manuel
Mendonça (INESC), Ricardo Luz da Instituição Financeira de Desenvolvimento e
meu concorrente nas matérias profissionais e Miguel Seixas da SONAE MC. Em fevereiro
de 2016, darei um minicurso sobre globalização num curso sobre oportunidades de
investimento internacional organizado pela nova Business School do Instituto
Politécnico do Porto, a convite do meu colega e amigo Professor Armando Silva.
Embora no primeiro convite o Professor Valente de Oliveira me tenha
proposto (e vá lá saber-se porquê!) tratar das implicações socioeconómicas das
grandes mudanças da economia e da sociedade, o meu ponto de partida será
compreensivelmente o das grandes alterações que o processo de globalização tem
vindo a experimentar a partir da segunda metade da década de 2000.
E uma entrada incontornável neste tema é o da abordagem combinada da
globalização e da desigualdade. Irei dedicar a partir de agora uma série de
entradas ao tema neste blogue, preparando as hostilidades.
O pensamento de hoje é de Branko Milanovic o meu economista de eleição para
a análise combinada da globalização e da desigualdade. Não certamente com a popularidade
de Thomas Piketty, mas mesmo assim merecedor de acompanhamento atento.
O pensamento é o seguinte:
“A ideia de que a globalização é uma força que é positiva e benéfica para
todos é uma ilusão. Mudanças económicas de grande porte como as que a
globalização nos traz têm sempre vencedores e vencidos, (...) constituindo uma
força profundamente contraditória e disruptiva que colocará por vezes grupos
significativos de pessoas em pior situação. A recusa de que isto é possível só é
compreensível nos que estão cegos com a ideologia das harmonias universais ou
pelos seus próprios interesses económicos”.
Ora aqui está um bom começo de reflexão para tempos futuros de leitura e
pesquisa.
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