Perdoar-me-ão que não consiga resistir a um inofensivo exercício de cenarização. E ele é o de partir da tendência para o desfalecimento que Cavaco por vezes manifesta em cerimónias públicas, tendo aliás muito simbolicamente dado início a tal procedimento em ato de posse de um governo PS, para considerar a probabilidade (que não sei quantificar) de o presidente se começar a despedir dos portugueses com mais um desses seus chiliques. Convenhamos que, a verificar-se, o caso não seria para menos e até poderia justificar algo mais radicalmente inovador: então não corresponderia a um facto marcado pelo mais elevado dramatismo que o rígido e parcial presidente da direita portuguesa fosse levado a dar posse a um governo da esquerda, saindo de cena com o Partido Comunista dentro do arco da governação? De todo o modo, só o facto de termos chegado ao ponto em que estamos hoje é já a prova definitiva de um colossal falhanço do desempenho cavaquista e do sectarismo e indigência das “elites” nacionais que tanto o absolveram e apadrinharam...
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