(Bengt Ake Lundvall, Aalborg University, Globelics)
(Richard R. Nelson, Columbia University)
Vale o que vale, mas o apoio ao Manifesto dos 74 por igual número de economistas estrangeiros acaba por dar ao tema do desacordo com
a abordagem, ainda predominante, à crise das dívidas soberanas e ao aperto dos
países da periferia europeia uma matriz internacional que é estimulante
reconhecer. A passagem de Marc Blyth por Portugal e a edição em português da
sua obra terá influenciado esta aproximação e isso mostra que a academia
portuguesa deveria menos isolada nas suas tarefas de publicação e procurar
trabalhar mais com este tipo de redes. Também deve assinalar-se o contributo
nesta matéria de Rui Tavares ao convidar para vir a Portugal à conferência dos
Verdes em Lisboa (onde estive) o economista americano de Austin James Galbraith.
É um exercício interessante passar os olhos pela lista. O
meu critério para esse olhar foi o de encontrar referências que tenham
influenciado o meu pensamento, mais do que registar a presença de celebridades,
que as há no domínio da macroeconomia e destacaria nesse critério José António Ocampo
e Stephany Griffith-Jones, ambos da Universidade de Columbia em Nova Iorque e
muito ligado ao recente Journal of
Globalization Studies e grandes referências em políticas de estabilização
macroeconómica em economias em desenvolvimento.
Mas o que mais me interessa destacar é que nos 74
estrangeiros estão as grandes referências da economia evolucionista e
institucionalista, paradigmas que sempre se opuseram às ideias que estruturam o
mainstreaming atual, que marcaram indelevelmente
a minha paixão pelas correntes evolucionistas. E aqui estão eles: Beng-Ake Lundvall
(Aalborg University, Dinamarca), Carlota Perez (mulher de Chris Freeman grande
mestre de Francisco Louça, hoje em Tallinn, Estónia), Geoffrey Hogdson (um dos
principais institucionalistas, Reino Unido), Giovanni Dosi (editor da incontornável
Industrial and Corporate Change, Universidade de Pisa, Itália), Jan Fagerberg
(Universidade de Oslo e de Aalborg, que colaborou com a equipa da Quaternaire Portugal na avaliação estratégia do QREN, inovação e
internacionalização), Mariana Mazzuccato (SPRU, Sussex, uma das mais inovadoras
pensadoras das relações entre Estado e mercado e do entrepreneurship), Richard
Nelson (Coumbia University, um dos pais do evolucionismo económico, leitura de
cabeceira). Michael Ash e Robert Pollin, autores do artigo que colocou nas ruas
da amargura a ideia de que havia um limiar (90% do PIB) a partir do qual o peso
da dívida era nefasto para o crescimento económico, desmontando o famigerado
bug do Excel de Reinhart e Rogoff, tão discutido neste blogue, remetem para
outras referências. Mas a presença dos evolucionistas no grupo encheu-me o ego
e sempre quero ver como reagirá a iliteracia económica dos José Gomes Ferreira
e António Costa (o do Económico, esclareça-se) a esta banda larga de
economistas.
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