Não resisto a reproduzir neste espaço o
comunicado que o FCP distribuiu na sua página WEB sobre o rescaldo e sequelas
do recente Sporting-Porto e posterior campanha-reação dos leões. Trata-se de um
documento precioso para perscrutar o ambiente interno do futebol e do universo de
rufiões, malandrecos, artistas portugueses e outros personagens, do qual como é
óbvio não excluo a minha agremiação. Há neste comunicado um humor que me
agrada, excluindo talvez a referência final ao Einstein.
“Manual de boas maneiras para
viscondes
19-03-2014
Há gente que gosta de parecer muito educada e cordata e
atira para os outros os males do mundo, como se fossem uma espécie de eleitos
ou predestinados. Vem isto a propósito do comportamento, ou falta dele, dos
responsáveis do Sporting no clássico de domingo.
Pela defesa do futebol e até por respeito a todos os
adeptos, independentemente da preferência clubística, o FC Porto manteve-se até
aqui em silêncio. Mas depois de ver serem plantadas notícias falsas em jornais
para quem o contraditório é um imenso mistério, sente-se o FC Porto obrigado a
prestar alguns esclarecimentos.
É falso que o Sporting tenha cedido um camarote à
Administração do FC Porto. O que aconteceu foi que após verificar que os
convites enviados pelo Sporting não respeitavam as mais elementares regras da
urbanidade, colocando os administradores separados na tribuna, uma empresa
comprou um camarote por dez mil euros e cedeu-o ao FC Porto, para que a
Administração pudesse assistir toda junta à partida.
Separar os elementos da administração de um clube rival é
um comportamento sem precedentes no futebol português, mas que deve fazer parte
de um qualquer manual de boas maneiras a que só distintos viscondes têm acesso.
Só estranhamos as pessoas sentadas nos lugares adjacentes aos que estavam
destinados aos nossos administradores, não pareciam saber francês, nem sequer
tocar piano. Eram assim como que… qualquer coisa entre o pirata de argola na
orelha e o rufia de filme de série B.
Aproveitamos também para esclarecer o Sporting, que o
belo Estádio do Dragão é mesmo a nossa casa. É tão lindo, funcional, já nos
proporcionou tantos títulos e nunca foi confundido com qualquer outra coisa que
estranhamos o envio dos bilhetes e convites para o Vitalis Park, antigo campo
da Constituição. Não se preocupem, quando tivermos de lhes enviar bilhetes e
convites recebê-los-ão na morada que indicaram à Liga e não no estádio do
Lumiar ou qualquer outro sítio que no passado tenha sido a vossa casa.
E já agora, dentro do prazo regulamentar de cinco dias de
antecedência, mas claro que contar até cinco já é uma questão de competência,
não de pedigree.
Isto para não falar no vocabulário de gente que não
consegue mais do que aparecer escarrapachada em revistas do social, mas que
quando abre a boca está muito longe de ter a graça e o encanto das portuenses
vendedoras do Bolhão.
Em suma, como dizia Einstein, duas coisas são infinitas,
o universo e a estupidez humana, mas em relação ao universo continuamos sem ter
a certeza absoluta.”
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