Esta sexta-feira estive no seminário “Portugal: que funções na globalização?” que a Confederação de Comércio e Serviços
de Portugal (CCP) organizou no Centro Cultural de Belém, com algum
acompanhamento do governo, tendo Jorge Moreira da Silva aberto o seminário e
Castro Almeida encerrado o mesmo.
A CCP está compreensivelmente interessada em
demonstrar a presença dos serviços nas atividades transacionáveis, combatendo o
velho preconceito de que os serviços configuram predominantemente atividades não
transacionáveis e que por isso devem poder aceder aos instrumentos de política
pública de promoção das atividades transacionáveis.
Para fundamentar e bem esse esforço, a CCP tem-se
apoiado fundamentalmente na reflexão e criatividade de Félix Ribeiro,
indiscutivelmente um dos nossos grandes especialistas da prospetiva estratégica
e cenarização. Félix Ribeiro está neste momento numa fase de grande produção e
criatividade, alimentando quer a reflexão da CCP sobre o papel impulsionador
dos serviços nas funções que Portugal tem de discutir no contexto da globalização,
quer ainda um recente livro por si editado (A Economia de uma Nação Rebelde, Guerra e Paz) e que mereceu na passada segunda-feira
rasgados elogios de Medina Carreira (o que é obra) e alimentando ainda o
trabalho que Artur Santos Silva está a patrocinar na Fundação Calouste
Gulbenkian sobre os ecossistemas de inovação que se têm vindo a formar em torno
das concentrações urbanas do nosso noroeste, Braga, Guimarães, Porto e Aveiro. A
entrevista de hoje ao Expresso culmina esse momento de grande produção.
As teses de Félix Ribeiro são sedutoras, pois
convocam a geoestratégia para uma combinação criativa com a economia e o território,
rompem com o atavismo português da pequena dimensão=inação e abrem perspetivas
interessantes para além do espaço europeu, designadamente tendo em vista o
lugar que podemos assumir numa potencial parceria atlântica Europa-Estados
Unidos. Tenho mantido com Félix Ribeiro alguma troca de ideias e penso que foi
nesse contexto que a CCP me convidou a estar presente no seminário para discutir
o tema “O território é um fator de competitividade?”.
Quase intuitivamente tenho resistido à sedução
dos cenários que Félix Ribeiro nos convoca a discutir, não porque sobre eles
tenha dúvidas ou alimente interrogações, mas fundamentalmente por que a minha
preocupação e o meu foco é a discussão das condições de transição do presente,
envenenado por inércias passadas e pela miopia estratégica do ajustamento da dívida,
para a concretização desse futuro imaginado por Félix Ribeiro nos seus
quadrantes e transposições de quadrantes. Tenho algumas interrogações sobre a
real valia estratégica das tendências reveladas por algumas experiências no
terreno sobre as quais Félix Ribeiro constrói a plausibilidade dos cenários de
combate ao empobrecimento a que nos querem submeter. Por exemplo, não partilho
integralmente a interpretação que Félix Ribeiro dá ao projeto EMBRAER em Évora,
porque não estou ainda convencido sobre o padrão remuneratório que tal projeto
irá representar e sobre o impacto de relações interindustriais e indústria-serviços
que ele irá impulsionar na economia portuguesa.
Mas estas minhas dúvidas não retiram um milímetro
à ideia de que há Félix e há os outros em matéria de nos questionar sobre o
futuro português, sobretudo do ponto de vista do que essas propostas interpelam
os territórios para encontrar a geoestratégia do seu próprio desenvolvimento e
fazer dessa geoestratégico um recurso a valorizar.
Parabéns pela criação deste Blog - Interesse Privado, Acção Pública. - Já agora, sugiro que se agende uma reunião para que eu possa ilustrar, em detalhes, a reunião que tive, pessoalmente, com o Primeiro ministro de Portugal, no âmbito de uma acção de interesse privado numa acção pública, ao apresentar o projeto - ENDOECONOMIA - https://www.academia.edu/4259082/ENDOECONOMIA_-_um_novo_conceito_
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