Mario Draghi deve querer brincar connosco quando
esta semana designou a zona euro de “ilha de estabilidade”, fazendo-o a propósito
do amortecimento dos impactos da crise ucraniana na economia deste espaço.
Simon Wren-Lewis, no Mainly Macro, dedica-lhe alguns tempos de
ironia, sublinhando que se trata de uma ilha de estabilidade, mas presa
essencialmente numa zona de estagnação, com desemprego praticamente estabilizado
em torno dos 12%, a inflação claramente abaixo da meta desejada, o produto
potencial com um desvio negativo de cerca de 4% e uma recuperação extremamente
frágil.
E no meio da crítica aberta à pseudo estabilidade
da zona euro (pelos vistos Draghi também aderiu ao despudorado branqueamento em
curso do melhor dos mundos por estas bandas), via Simon-Wren Lewis temos acesso
a um dos primeiros artigos sobre uma fileira de investigação crucial para
demonstrar que o branqueamento vai nu: trata-se de uma investigação sobre a crise da saúde grega determinada pelo agudizar das políticas de austeridade,
publicada pela Lancet. E vale a pena meditar sobre os efeitos assinaláveis da
austeridade a todo o custo sobre as condições de saúde dos gregos. Os efeitos vão
sendo conhecidos e não há branqueamento que os possa apagar. Para não dizer que
não fomos avisados.
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