“Nós somos nós e as nossas circunstâncias”, assim ficou consagrado em vulgata um pensamento bem mais densamente filosófico de Ortega y Gasset. Mas foi mesmo aquela expressão a que primeiro me saltou à cabeça quando li que Mário Mosqueira do Amaral (MMA) falecera ontem. Porque se com ele não possuía relações pessoais e, na aparência, pouco tinha em comum – foi um fugido do 11 de março e um compagnon de route do Grupo Espírito Santo que tanto ajudou a relançar (com cerca de 16% do capital, era aliás um dos cinco elementos do respetivo núcleo duro de controlo e o único acionista de referência da holding Espírito Santo Control que não pertencia à família) –, por ele nutria uma simpatia feita daquelas pequenas coisas quase inexplicáveis que indelevelmente nos impressionam em definitivo.
Vi MMA a primeira vez quando negociei com os bancos portugueses a criação do FIEP e nele encontrei desde logo, sem qualquer razão palpável, uma abertura e uma atenção raras em enquadramentos do tipo. Depois, MMA seria o presidente da comissão de vencimentos da referida instituição, tão presente pela disponibilidade quanto ausente pela confiança. Mais à frente, cruzei-me com MMA em ocasiões sociais ou em lados opostos de mesas negociais e invariavelmente me deparei com um homem de princípios, zeloso e afável. Houve até uma vez em que se me ocorreu propor-lhe “batermos umas bolas” nos courts do Jamor que ele frequentava com assiduidade, mas a oportunidade passou e a hipótese gorou-se. Para sempre?
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