Há uns tempos que aqui não se vem falar da Grécia. Pois usemo-la como pretexto para dois curiosos apontamentos obtidos a partir do tratamento dado pelo “Financial Times” às últimas estatísticas bancárias consolidadas divulgadas pelo BIS (“Bank for International Settlements”) e reportadas ao último trimestre de 2012.
Primeiro: a exposição dos bancos europeus à dívida grega (pública e privada) diminuiu em 74,5 mil milhões de euros nos últimos dois anos com dados reportados (3º trimestre de 2012 relativamente ao 3º trimestre de 2010), o que corresponde a um valor atual pouco superior a metade do então existente e significa uma relevante fuga ao risco grego por parte dos credores externos – com predominância, por ordem decrescente, para os bancos franceses (27,7 mil milhões de euros), alemães (15,1), irlandeses (8,4) e britânicos (5,4).
Segundo: os bancos portugueses, já à partida excessivamente expostos ao risco grego – Portugal era o 4º país credor, imediatamente à frente da Irlanda e muito à frente da Espanha e da Itália, p.e. –, terão sido aqueles que menos viram diminuída tal dependência (apenas 3,4 mil milhões daquele total de 74,5 de euros, ou seja, a sua quota limita-se a 4,6% da redução verificada) e continuam assim a apresentar um muito desproporcionado nível de exposição (9,2%), equivalente ao britânico e apenas inferior ao francês e ao alemão.
Os números não enganam, mesmo se não nos permitem dirimir entre o problema ser de defeito (gestão) ou de feitio (dimensão)…
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