On
the road again. Agora
de novo em Évora (Universidade) para discutir um paper no workshop da APDR(Associação Portuguesa do Desenvolvimento Regional) com foco nas Redes de ensino superior: contributos e novos desafios para a economia e para a sociedade.
Só muito recentemente me dei conta que sou um dos sócios mais antigos da APDR, mostrando
como a celeridade do tempo – vida nos passa frequentemente ao lado.
Este paper (“Do sistema binário à fragmentação do sistema: algumas
reflexões sobre o futuro do sistema de ensino superior politécnico”)
tem uma história bastante afetiva. Tem origem em alguns trabalhos de
reposicionamento estratégico de algumas instituições de ensino superior
(Universidade Portucalense e, mais recentemente, o Instituto Politécnico do
Porto) em torno dos quais é possível refletir em termos mais metodológicos e
conceptuais. A ele se associou a componente da economia da educação e do
trabalho através da participação do meu filho Hugo. Temos assim uma cooperação não
só interinstitucional (Quaternaire /Universidade de Aveiro – Departamento de Ciências
Sociais, Políticas e do Território e CIPES – Centro de Investigação em Políticas
de Ensino Superior), mas também familiar e intergeracional o que é obra. Mas o
que me interessa mais é a utilização da APDR como comunidade de práticas no sentido
que as ciências da organização lhe atribuem, ou seja um espaço de fertilização
cruzada entre o pensamento de “reflexive
practitioners” (homens do planeamento com alguma capacidade reflexiva), investigadores
e outros stakeholders dos processos.
O argumento central do paper é o seguinte: o sistema de ensino superior atravessa um
processo essencialmente reativo, essencialmente induzido pela resposta desigual
e heterogénea de instituições universitárias e politécnicas à regulação, ao
financiamento público e aos sinais de fragmentação da procura. A ilusão de um
sistema binário, universidades versus politécnicos, está hoje destruída, com a
fragmentação intra-politécnicos e intra-universidades a ter tanto ou mais valor
explicativo do que o confronto binário. No seio do politécnico, a fragmentação
está em curso com a dualização de comportamentos adaptativos de “upgrading” e “downgrading” que o artigo documenta com evidência empírica sobre a
procura, a (des) empregabilidade e a qualificação do corpo docente. Neste
contexto, se a política pública teimar em ignorar a fragmentação e continuar a
permanecer na ilusão de que o sistema é binário, orientando o politécnico para
uma espécie de ensino profissional de nível superior, o artigo sustenta que a
destruição de recursos é inevitável, o que seria incompreensível. Isso
equivaleria a generalizar a todo o sistema politécnico uma adaptação de “downgrading”.
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