sexta-feira, 26 de abril de 2013

VERDADE UMA ILUSÃO


Terminei agradavelmente, no Coliseu do Porto, o meu feriado do 25 de Abril. Ouvindo novamente ao vivo, seis anos depois, a carioca Marisa Monte. No alinhamento imperam composições e letras belíssimas, entre algumas canções de maior sucesso de discos anteriores e uma base assente no seu oitavo e mais recente CD (“O Que Você Quer Saber De Verdade”, lançado em 2011). Quase sempre muito bem acompanhada por nove exímios “rapazes”, incluindo os incontornáveis Dadi e Dengue e o trio Nação Zumbi, Marisa passeou a sua “arte de cantar o amor, os dilemas da alma e a busca do bem viver” e esteve “nota dez” em três planos nucleares: exploração das singularidades da sua voz; combinação de uma presença leve e sensual com uma interpretação forte e marcante; simpatia em palco. Tocantes, ainda, as suas referências à italiana Mina Mazzini e, sobretudo, a Cássia Eller (definindo, a seu propósito, a saudade como uma espécie de presença da ausência).

Não obstante, a parte mais conseguida resultou do cenário, que faz jus ao prémio de melhor show do ano que lhe foi atribuído pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Marisa já tinha explicado em entrevista o seu entendimento de um show como “uma experiência multissensorial, onde a música e os suportes visuais se interligam para potenciar os significados das canções” e foi neste quadro que, com a ajuda da curadora Luisa Duarte, escolheu 15 artistas plásticos brasileiros contemporâneos e associou cada obra por eles criada – em diversos suportes – a um tema diferente. Esta “espécie de exposição de arte itinerante” proporcionada por Marisa – como se quisesse “oferecer uma outra maneira de as pessoas verem e ouvirem as suas canções”, disse “A Folha” –, ademais potenciada por projeções multimédia de alta resolução, transforma o espetáculo numa experiência original e surpreendente.



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