O sol que entrava desbordante pela sala
Guilhermina Suggia na Casa da Música marcava indelevelmente um domingo de
reencontro com o seu aconchego de que precisamos como gente do sul.
Confesso que Andrea Lucchesini não me dizia rigorosamente
nada, fruto seguramente do meu amadorismo musical. Mas fiquei seduzido por inúmeras
referências que encontrei do pianista e transmissor de música a novas gerações acerca
da sua predisposição para aproximar clássicos e contemporâneos. A primeira
parte do programa apontava nesse sentido, anunciava-se uma forma muito original
de estabelecer pontes entre mais de 200 anos da história da música,
entrelaçando sonatas de Scarlatti e peças de Luciano Berio, compositor contemporâneo com o qual Lucchesini tem uma enorme cumplicidade. Gostei e muito,
sobretudo porque nunca tinha ouvido uma sequência entrecortada referências com
mais de 200 anos.
Uma segunda parte com as sonatas nº 30 (em mi
maior) e nº 31 (em lá bemol maior) de Beethoven colocou de vez Lucchesini entre
os que terão direito a uma presença perto da minha secretária de trabalho.
Pela primeira vez vi a sala num ciclo de piano da
Casa da Música a menos de 50% da lotação: efeitos do sol, da crise ou do desconhecimento
do pianista? Talvez por isso e apesar de três chamadas ao palco não houve encore.
Andrea talvez tenha ficado magoado com uma sala tão pouco preenchida.
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