Mais um concerto, desta vez belíssimo, nessa bênção que aconteceu ao Porto chamada Casa da Música: o contrabaixista inglês Dave Holland e o guitarrista espanhol Pepe Habichuela numa “comunicação musical” algo improvável mas muito conseguida. Para quem conheça o admirável álbum da dupla, Hands (2009), a noite também terá valido, seja pelo contacto direto seja pelo virtuosismo dos improvisos, tudo enriquecido pelo formato quinteto apresentado pela junção de três outros excelentes músicos (Josemi Carmona, na segunda guitarra, Bandolero e Juan Carmona, na percussão).
Na essência, e como refere o flyer, o concerto dava então a escutar “flamenco enriquecido pela sonoridade de um contrabaixo recheado de história e ideias modernas”. Porque os dois músicos assumem que o seu trabalho não é um projeto de fusão entre o jazz e o flamenco, antes um diálogo profundo entre dois estilos em que o experiente ícone do jazz se faz “discípulo” do granadino e procura “entrar nos meandros do flamenco, compreendendo as suas características e introduzindo, depois, algumas das suas ideias musicais”.
O nome Habichuela é lendário no flamenco e este Pepe tem sido farto em colaborações inovadoras, quer com sonoridades indianas e árabes quer com expressões jazzistas (dueto com o trompetista Don Cherry, p.e.). Mas a origem próxima desta aproximação aconteceu em finais de 2006, quando Holland conheceu por dentro o trabalho conjunto (Yerba Güena) de Pepe com o anglo-indiano Nitin Sawhney, igualmente comparticipado pela orquestra “The Bollywood Strings Band”.
Dois homens com cinco décadas de carreira e uma humildade tão enorme quanto a sua técnica e alegria de estar…
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