quinta-feira, 18 de abril de 2013

EXCEL FATÍDICO



Via Mike Konczal no NEXT NEW DEAL, blog do Roosevelt Institute, capta-se informação mais fina sobre o já célebre erro de Reinhart e Rogoff que tem corrido mundo e sabe-se bem porquê.
Primeiro, há a estranha omissão das linhas 45 a 49 (ver imagem acima) que exclui dos cálculos cinco países (Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca). Suprindo esta omissão, entrando em linha de conta com a informação de todos os anos (ponderada para cada país pelo número de anos), o crescimento médio dos países com peso da dívida no PIB superior a 90% para o período 1946-2009 é de 2,2% ano e não -0,1% conforme resultados iniciais de Reinhart e Rogoff. Não são omissões quaisquer: a Bélgica, por exemplo, tem no universo considerado 26 anos de peso da dívida acima de 90% e um crescimento médio de 2,6%.
Segundo, o método de ponderação usado por Reinhart e Rogoff tem despertado também reservas. O número de anos sucessivos em que um país determinado apresenta dívida acima de 90% dá origem a uma média (ou seja, um ponto), repetindo-se o processo para todos os intervalos de tempo considerados para cada país. Obviamente, isto significa que, por exemplo, no caso do Reino Unido entre 1946 e 1964 com dívida acima dos 90% do PIB e crescimento médio anual de 2,4% acaba por contar apenas como uma observação.
Mas mais importante do que tudo isto parece ser a necessidade de ter em conta o pleno significado da relação dívida e crescimento económico. Os observadores têm-se inclinado para considerar que a alta dívida é fator de baixo crescimento. Mas convém não esquecer que uma má performance de crescimento implica mais endividamento, ou seja, não podemos esquecer a causalidade reversa.
Os portugueses não têm entendido ultimamente o crescimento do peso da dívida portuguesa no PIB apesar de nos terem prometido o contrário. E não fazem a mínima ideia do que é a causalidade reversa. Pois.

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