sexta-feira, 19 de abril de 2013

“LUFT”?



Tinha decidido falar hoje neste espaço de uma novidade vinda de Berlim, o lançamento ocorrido no domingo do novel partido “Alternativa para a Alemanha”. Mas Vasco Pulido Valente antecipou-se-me no “Público” e assim me cumprem apenas uns breves sublinhados.

O “Tageszeitung” designou-o como o adversário mais temido de Merkel (angstgegner). Venha ou não a sê-lo, e não será fácil que o venha a ser já em setembro, o certo é que a constituição do partido integra vários elementos interessantes. Desde logo, pela unicidade do seu programa (a “dissolução ordeira” da Zona Euro). Depois, pela sua composição social e política (classe média, elevado número de académicos – “mais parece a direção de uma faculdade”, referia o “Der Spiegel” – e maioria dos seus já seis mil membros oriundos das áreas democrata-cristã, social-democrata e liberal – com destaque para o líder Bernd Lucke, um professor de Economia de Hamburgo que militou na CDU – e não de um qualquer extremismo populista). Finalmente, pela tónica argumentativa (contrariar a posição oficial de que não há alternativa à austeridade; defender que uma eventual falha do euro falhar não significa uma falha da Europa mas das políticas de Merkel e Schäuble; proclamar que o euro está a dividir a Europa; demonstrar a necessidade de não haver uma moeda única para assegurar a unidade pacífica da Europa; “cada suástica na rua de Atenas ajuda este partido”).

Ainda que a sua estabilização programática esteja longe de adquirida e muito menos garantida, e sendo até que existem afirmações pouco claras e dúbias por parte dos seus responsáveis (como a defesa de que os empréstimos aprovados pelo Parlamento alemão aos países europeus em dificuldades são constitucionalmente ilegais), será que o AfD ainda pode vir a ser um involuntário portador de algumas inesperadas pedradas de esperança no charco que atualmente nos imunda?

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