segunda-feira, 8 de abril de 2013

CRISTINA … BRANCO DE SEU NOME



No rescaldo de uma inqualificável mensagem ao país do primeiro-ministro, tinha um princípio de noite marcado pela televisão (comentador Marcelo, regresso do tenso e justiceiro Sócrates ou acompanhar o glorioso por terras de Olhão) ou então procurava uma alternativa menos tensa. Foi o que fiz e não me arrependi: Cristina Branco na Casa da Música.
Há aqui um conflito de interesses. Embora nunca a tivesse visto ao vivo, sou um admiador incondicional da Cristina Branco, mesmo que todos saibamos que a Tia Bia (Beatriz Conceição) não morra de amores pelo estilo, uma espécie de fusão do fado com linguagens estéticas mais modernas.
O novo disco “Alegria” já me tinha impressionado e ao vivo a mensagem é mais explícita e direta. Só alguém com muita estaleca consegue aguentar e protagonizar em si própria a sensibilidade de Fausto, Sérgio Godinho, Jorge Palma, Alain Oulman, Chico Buarque, Beaudelaire, Manuela de Freitas, Gonçalo M. Tavares, Manuel Alegre, Joni Mitchel, colocando a sua voz (e que voz) e sobriedade de presença no palco ao serviço de mensagens simultaneamente tão diversas e tão profundas. E ainda tivemos Beatriz Batarda dizendo o poema do disco sobre a trágica dependência de um desempregado, na tribuna atrás do palco.
A obra de Cristina Branco mostra que o país apesar de todos os constrangimentos e farsolas se vai transformando, não renegando memórias, mas ousando transgredi-las, combinando-as com outras inspirações. É bom ter e ouvir gente que não se refugia no passado e que ousa resistir reinventando as suas memórias. Pelo menos ganhei energia para, já em casa, explorar a box do cabo, revisitar os comentadores e recuperar os golos do Sálvio e do Matic.

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