O FMI publicou em março passado um relevante
relatório sobre emprego e crescimento económico a nível mundial: “Jobs
and growth – analytical and operational considerations for the Fund”. O papel central que o FMI tem assumido nos processos
de ajustamento macroeconómico determina que o mundo tenha de estar atento ao
modo como o pensamento económico da instituição vai evoluindo. Como sabemos
essa evolução é neste tipo de instituições muito lenta, observando-se frequentemente
um significativo gap temporal entre o
aparecimento de algumas ideias ou resultados inovadores (caso dos
multiplicadores da despesa pública aqui profusamente discutido) e a sua
concretização no modus operandi da instituição.
O relatório é apresentado sob o lema do
crescimento inclusivo, o que não é coisa pouca nos tempos que correm. Destaco uma
conclusão das mais importantes do relatório: “A conclusão mais importante é que
não há nenhuma estratégia melhor do que as outras e muito menos nenhuma estratégia
padronizada que se aplique a todos os países. Há, bem entendido, uma condição
sobre a qual o desacordo existente é pequeno e que diz respeito à importância
crítica da estabilidade macroeconómica, baixa inflação e volatilidade do
produto como um fundamento básico de qualquer estratégia de crescimento.”
Será que lemos bem? Crescimento inclusivo e inexistência
de soluções padronizadas? O desacordo sobre o paradigma da estabilidade
macroeconómica e baixa inflação será assim tão pequeno? Apliquemos estes princípios
à atuação do FMI no quadro do ajustamento e resgate da economia portuguesa. Será
que a missão FMI leu bem este relatório?
O gráfico que abre este post é bem elucidativo da gravidade do problema. O comportamento do
rácio “emprego-população maior de 15 anos” está a nível mundial no seu ponto mais baixo de
sempre após as perturbações de 2007-08, mostrando que para um problema global só
podem existir soluções globais.
Para além disso, o comportamento do desemprego jovem
a nível mundial é preocupante, agravando o que se passa com a taxa de
desemprego a nível global. A inexistência de uma abordagem ao nível da economia
mundial para este problema explicita bem o problema a que a globalização nos
conduziu: gerou problemas para os quais não dispõe de arquitetura de governação
à altura dos desafios.
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