domingo, 7 de abril de 2013

O GRANDE PROBLEMA



O FMI publicou em março passado um relevante relatório sobre emprego e crescimento económico a nível mundial: Jobs and growth – analytical and operational considerations for the Fund. O papel central que o FMI tem assumido nos processos de ajustamento macroeconómico determina que o mundo tenha de estar atento ao modo como o pensamento económico da instituição vai evoluindo. Como sabemos essa evolução é neste tipo de instituições muito lenta, observando-se frequentemente um significativo gap temporal entre o aparecimento de algumas ideias ou resultados inovadores (caso dos multiplicadores da despesa pública aqui profusamente discutido) e a sua concretização no modus operandi da instituição.
O relatório é apresentado sob o lema do crescimento inclusivo, o que não é coisa pouca nos tempos que correm. Destaco uma conclusão das mais importantes do relatório: “A conclusão mais importante é que não há nenhuma estratégia melhor do que as outras e muito menos nenhuma estratégia padronizada que se aplique a todos os países. Há, bem entendido, uma condição sobre a qual o desacordo existente é pequeno e que diz respeito à importância crítica da estabilidade macroeconómica, baixa inflação e volatilidade do produto como um fundamento básico de qualquer estratégia de crescimento.”
Será que lemos bem? Crescimento inclusivo e inexistência de soluções padronizadas? O desacordo sobre o paradigma da estabilidade macroeconómica e baixa inflação será assim tão pequeno? Apliquemos estes princípios à atuação do FMI no quadro do ajustamento e resgate da economia portuguesa. Será que a missão FMI leu bem este relatório?

O gráfico que abre este post é bem elucidativo da gravidade do problema. O comportamento do rácio “emprego-população maior de 15 anos” está a nível mundial no seu ponto mais baixo de sempre após as perturbações de 2007-08, mostrando que para um problema global só podem existir soluções globais.

Para além disso, o comportamento do desemprego jovem a nível mundial é preocupante, agravando o que se passa com a taxa de desemprego a nível global. A inexistência de uma abordagem ao nível da economia mundial para este problema explicita bem o problema a que a globalização nos conduziu: gerou problemas para os quais não dispõe de arquitetura de governação à altura dos desafios.

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