sábado, 27 de abril de 2013

ALBUQUERQUE E OS SWAPS


Desde o início do processo que me cheirou a matéria com “água no bico” a eficiência e rapidez com que o Governo descartou duas irrelevâncias de subúrbio (Juvenal e Braga Lino) em benefício da salvação de duas almas bem-aventuradas (Marco António e Maria Luis), cada uma pelas suas razões.

O que conheço de gestão, de administração pública e de produtos financeiros seria suficiente para me pronunciar com alguma propriedade sobre a conferência de imprensa da secretária de Estado do Tesouro (et pour cause…) relativa à questão dos swaps em empresas públicas e dos acordos que o IGCP – após “uma análise aprofundada da carteira de derivados” daquelas e a conclusão de que “as perdas elevadas decorriam sobretudo da natureza especulativa dos contratos, mais do que da mera descida das taxas de juro” – já veio a alcançar com alguns bancos e que “permitiram ao Estado poupar 170 milhões de euros em juros ao longo dos próximos anos e reduzir, desde já, em cerca de 20% as responsabilidades potenciais”.

Não obstante, opto por me contentar com o mero senso comum que Rafael Barbosa tão bem exprime no seu comentário publicado no JN de hoje. Assim:

· “Segundo a narrativa da senhora que guarda o nosso Tesouro, há ‘swaps’ bons, que resultam de contratos em que só se pretendia salvaguardar o risco de subida das taxas de juro, e ‘swaps’ maus, que resultam de contratos especulativos em que só se pretendia salvaguardar o risco de subida das taxas de juro. Os gestores públicos competentíssimos que assinaram estes últimos serão devidamente punidos. Os outros não, continuam competentíssimos.

· “Um dos gestores que mantém a competência é justamente Maria Luís Albuquerque. Hoje secretária de Estado, antes diretora financeira da Refer e subscritora de ‘swaps’. Das boas, bem entendido. Tão boas, que a Refer só está a perder 40 milhões de euros, mais cêntimo, menos cêntimo. Mais ou menos metade do montante que o Governo queria faturar, através de um imposto inconstitucional, aos doentes e desempregados.

· “Acresce, a título de nota demagógica, que quando a guardiã do nosso Tesouro chegou à Refer, em 2001, o passivo da empresa estava nos 2 mil milhões de euros. E que em 2007, quando saiu, já estava nos 4,8 mil milhões. Ressalve-se que a atual secretária de Estado poderá sempre argumentar que não tinha nada a ver com a gestão financeira da empresa. Apesar de ter sido, precisamente, diretora do departamento de gestão financeira da empresa.

Swaps bons e swaps maus, filhos e enteados, é a vida…

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