segunda-feira, 15 de abril de 2013

MÜNCHAU DESCOBRE O PECADO ORIGINAL



A crónica de Wolfgang Mϋnchau no Financial Times deste domingo ficará na história das perceções de que o edifício do euro está minado desde a origem por inconsistências insolúveis, sobretudo porque o analista é o primeiro no âmbito das chamadas críticas internas a denunciar o que poderei chamar de pecado original.
O que denuncia então Mϋnchau? Sem pretender ganhar créditos que não são meus, mas que são de um pequeno artigo que aqui citei há algum tempo do meu amigo angolano José Cerqueira, que já o havia denunciado, o analista do Financial Times afirma simplesmente isto: “The euro is not worth the same across the region – Spain and Germany have different currencies” (O euro não vale o mesmo em toda a zona – a Espanha e a Alemanha têm diferentes moedas). Mais adiante, o analista afirma: “Isto leva-me a concluir que a unidade de conta não é realmente a mesma na zona euro – que a Espanha e a Alemanha têm um diferente euro. Esta é também a razão pela qual acredito que os europeus do sul têm um motivo racional para deslocar as suas poupanças para os bancos do norte –porque essa será a única maneira de preservar o valor dos seus euros no longo prazo”.
De facto, tal como José Cerqueira o denunciava, os euros espanhóis e alemães não são totalmente convertíveis, tal como os dólares do Estado da Califórnia e de Nova Iorque o são. Essa é a ilusão da moeda única, que não é única. O que está a descortinar-se é simplesmente a inconsistência de um sistema inacabado, que mais tarde ou mais cedo viria ao de cima e os alemães continuam a recusar a única possibilidade de o compor, um banco central verdadeiramente central.

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