sábado, 27 de abril de 2013

PRECIOSIDADES (6)

(www.tugaleaks.com)


Andam por aí umas almas, não sei se penadas, mas seguramente agoirentas, segundo as quais o antes (AD) e depois da dívida (DD) se teria transformado no novo marco da modernidade.
Pacheco Pereira tem hoje no Público um artigo demolidor, ainda por cima focado numa personagem que seria seguramente um dos meus ódios de estimação acaso estivesse na política ativa, o então investigador, assessor de Presidentes, comentador e julgo que administrador não sei bem de quê, Joaquim Aguiar. A invocação do nome deste último deriva do facto de Joaquim Aguiar ter defendido o discurso de Cavaco Silva com base neste novo confronto AD versus DD.
Apenas um excerto para invocar a preciosidade:
Existe, porém, um problema que os economistas da escola do DD não conseguem ultrapassar: a sua incapacidade de perceber que estão a falar em economias em democracia, insisto economias-em-democracia, e, por isso, considerações sobre a dinâmica da sociedade (e o empobrecimento é hoje o principal mecanismo dinâmico) opiniões comuns, representação simbólica e real da justiça social, e opções de voto, são cruciais. Podem entender o que quiserem, mas sem eleitores para suportarem essas políticas, sem aliados fora do círculo fechado dos “sempre os mesmos”, ou fora das partidocracias clientelares, as convulsões serão a regra social e eleitoral. É por isso que eles consideram, como todos os burocratas, que é uma maçada terem que aturar políticos e eleições, que só perturbam a lógica tão científica das decisões burocráticas. A democracia é, de facto, uma perturbação, um ruído, uma ineficácia gastadora, um ónus para a “sustentabilidade”.”
Algumas destas almas tão preocupadas com o ruído que a democracia representa para a sua “economia”, quando se apanham a funcionar em ambientes de reduzida “accountability”, transparência ou visibilidade (como, por exemplo, o poder universitário mas não só) fazem jus a essa coerência e não raras vezes são protagonistas de abusos ou excessos de poder. Gente perigosa.

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