(www.tugaleaks.com)
Andam por aí umas almas, não sei se penadas, mas
seguramente agoirentas, segundo as quais o antes (AD) e depois da dívida (DD) se
teria transformado no novo marco da modernidade.
Pacheco Pereira tem hoje no Público um artigo
demolidor, ainda por cima focado numa personagem que seria seguramente um dos
meus ódios de estimação acaso estivesse na política ativa, o então
investigador, assessor de Presidentes, comentador e julgo que administrador não
sei bem de quê, Joaquim Aguiar. A invocação do nome deste último deriva do
facto de Joaquim Aguiar ter defendido o discurso de Cavaco Silva com base neste
novo confronto AD versus DD.
Apenas um excerto para invocar a preciosidade:
“Existe, porém, um problema que os economistas da escola do
DD não conseguem ultrapassar: a sua incapacidade de perceber que estão a falar
em economias em democracia, insisto economias-em-democracia, e, por isso,
considerações sobre a dinâmica da sociedade (e o empobrecimento é hoje o
principal mecanismo dinâmico) opiniões comuns, representação simbólica e real
da justiça social, e opções de voto, são cruciais. Podem entender o que
quiserem, mas sem eleitores para suportarem essas políticas, sem aliados fora
do círculo fechado dos “sempre os mesmos”, ou fora das partidocracias
clientelares, as convulsões serão a regra social e eleitoral. É por isso que
eles consideram, como todos os burocratas, que é uma maçada terem que aturar
políticos e eleições, que só perturbam a lógica tão científica das decisões
burocráticas. A democracia é, de facto, uma perturbação, um ruído, uma ineficácia
gastadora, um ónus para a “sustentabilidade”.”
Algumas destas almas tão preocupadas com o ruído
que a democracia representa para a sua “economia”, quando se apanham a
funcionar em ambientes de reduzida “accountability”,
transparência ou visibilidade (como, por exemplo, o poder universitário mas não
só) fazem jus a essa coerência e não raras vezes são protagonistas de abusos ou
excessos de poder. Gente perigosa.
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