segunda-feira, 29 de abril de 2013

O CONGRESSO


Aqui fica o melhor retrato do XIX Congresso do Partido Socialista. Onde Seguro fez o melhor que soube, como sempre tem procurado fazer desde que assumiu a liderança em condições reconhecidamente complicadas.

O objetivo era claro: apresentar um PS “responsável, reformista, com projeto, unido e mobilizado” e colocá-lo em definitivo no terreno da alternativa política. E foi conseguido, tanto quanto podia tê-lo sido na circunstância.

O discurso final do secretário-geral não empolgou – porque o empolgamento é uma questão de estilo e “cada um é como cada qual” – mas mostrou trabalho, esforço e vontade. Sendo que não redundaram em pecados mais do que veniais as suas pequenas imprecisões ou as dúvidas que deixou no ar, como a prioridade ao emprego e o lado abstrato de algumas propostas concretas, como as parcelas omitidas de certas aritméticas, como a subtil distinção entre a austeridade a prosseguir e a política de austeridade a banir, como a imprescindibilidade de um passo federal europeu, como o pedido de uma maioria absoluta sem descartar coligações ou acordos parlamentares…

A questão é outra, pois. E releva, sobretudo, da distância que separa o que se proclama do que resulta possível. De mediações e interlocutores, afinal. Porque quem não quer um novo desenvolvimento, uma nova Europa e um novo contrato social? Ou quem não gostaria que fosse renegociado o nosso processo de ajustamento? Ou quem não está do lado da devolução da esperança aos portugueses?

Uma breve nota sobre “mercearia” partidária, antes de terminar, já que muito se falou nos corredores do afastamento das listas de alguns personagens ditos “socráticos” – mas alguém dará pela falta de Lello, Serrasqueiro, Renato e Isabel ou André? Diversos, e mais acertados, foram os desabafos e as reflexões deixados por Sérgio Sousa Pinto, a saber:
· “O nosso principal problema é de credibilidade. Enquanto não nos apresentarmos diante do país como protagonistas credíveis de mudança e de rutura, estaremos a faltar ao povo português. Quando fingimos que o problema não existe, por cálculo, por manha, prestamos um péssimo serviço ao país e ao partido”.
· “Não podemos pretender ser rigorosos no diagnóstico dos males da Europa e estridentes na sua denúncia, mas depois furtarmo-nos por conveniência a enfrentar os sinais da nossa própria mediocridade. A complacência com interesses minúsculos trouxeram-nos a este irrespirável impasse”.
· “Chega de gente que se esconde atrás de uma floresta de palavras para não dizer nada, chega de gente que pensa que a política é feita de poses e luzes. A política é hoje uma ventania ensurdecedora mas que não abana uma folha”.

Concluo: Seguro vai fazendo o seu caminho e, ao contrário do que dizem os especialistas/comentadores, o problema não é tanto ele mas o seu entorno. Externo e interno. Até que ponto será capaz de o controlar?


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