Venho de ouvir a gaúcha Adriana Calcanhotto na Casa da Música. Guardava dela uma imagem algo contraditória de quando, há anos, a ouvi ao vivo no Canecão, mas desta vez foi mais harmoniosa na mistura do seu jeito reservado e contido, quase frio, com uma elegância mais assumida e uma presença mais afável. Assim como foi bem diferente o formato deste “Olhos de Onda” de hoje, em que ela surge a solo com o seu violão e num agradável registo intimista.
Nada é neutro nem dissociável do contexto. Por isso, as canções de Adriana são também para mim memórias de viagens para baixo e para cima nessa A1 que nos leva à capital – it’s a long, long, long,… road, cantou ela esta noite, junto com muitas das mais antiguinhas. E não resisti ao trauteio – baixinho porque a voz não ajuda e os ocupantes mais próximos não têm culpa… – de alguns excertos inesquecíveis: “não quero ter que optar, quero poder partir, quero poder ficar”, “eu vejo tudo enquadrado, remoto controle”, “rimas fáceis, calafrios, fure o dedo, faz um pacto comigo”, “o retrato que eu te dei, se ainda tens não sei, mas se tiver, devolva-me!”, “eu conto as horas pra poder te ver, mas o relógio tá de mal comigo”…
Não vi por lá o António Figueiredo para lhe propor a escrita de um post a quatro mãos. Mas pressenti, “celularmente”, a sua presença – les bons esprits…
Não vi por lá o António Figueiredo para lhe propor a escrita de um post a quatro mãos. Mas pressenti, “celularmente”, a sua presença – les bons esprits…
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