Quando decidi assumir esta forma de cumplicidade e
de compromisso pessoal que o escrever neste blogue representa, decidi também não
envolver ou comentar matérias, afirmações, intervenções ou quaisquer outras
tomadas de posição vindas de personalidades com as quais possa ter uma relação
de maior proximidade pessoal. É um critério discutível, pois tende a empobrecer
o comentário e o próprio blogue, mas até aqui tenho mantido essa reserva ou
distância conforme a queiram entender.
O que não significa que não possa haver exceções
e já as assumi, por exemplo, em relação ao Governador do Banco de Portugal ao
qual me liga uma amizade longa e uma profunda admiração intelectual.
Será também o hoje o caso de Elisa Ferreira.
Não poderia deixar passar em claro a sua corajosa tomada de posição e de afrontamento no Parlamento Europeu do cinzentão Ohli Rehn, para nossos pecados o comissário europeu responsável por toda esta onda
acrítica em torno do ajustamento macroeconómico dos países da Europa do Sul e
membro afinal de um grupo mais vasto que vê o projeto europeu como a simples emergência
de um mercado único. Um homem que teve por exemplo o desplante de afirmar que
qualquer debate de ideias sobre as estratégias de ajustamento poderia
comprometer a confiança e estabilidade dos mercados internacionais.
Elisa Ferreira, não satisfeita com a resposta standard de Ohli Rehn à sua interpelação
sobre as dificuldades e ausência de resultados que a estratégia em curso estava
a provocar na economia portuguesa, retorquiu simplesmente que não valia a pena o
Comissário repor os auscultadores de tradução simultânea e que seria suficiente
ter presente para o futuro uma simples palavra em português “BASTA”.
É isto mesmo. Esta gente, para além de não ser de
confiança, tem gozado de excessiva condescendência. Quem mais se abaixa …
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