quarta-feira, 24 de abril de 2013

MALDITA ENGENHARIA FINANCEIRA (2)

(Infografia do Jornal Público)


O jornalismo de investigação de Raquel Almeida Correia sobre o caso dos SWAP nas empresas públicas continua a dar frutos e a permitir que o cidadão comum vá percebendo melhor os contornos de toda esta embrulhada. Esperam-se as declarações do ministro das Finanças (creio que na sexta feira próxima) sobre a matéria para ver se o aparente silêncio do governo sobre o assunto encobre algum aspeto menos claro.
No meu post anterior, intuí que no processo haveria algo mais do que uma simples cobertura de risco. A desregulação sofisticada do sistema financeiro fez das suas não apenas no mundo das empresas privadas e seduziu o mundo dos gestores públicos do bloco central. A investigação da jornalista do Público esclarece que existem sinais de cobertura especulativa em algumas operações, como é óbvio com a conivência interessada de banca especializada e sonante, alguma da qual com comportamento repreensível no âmbito da crise financeira de 2007/08. A dimensão dos valores envolvidos menoriza claramente a magnitude dos cortes associados à decisão do Tribunal Constitucional e sobre tal desproporção o silêncio do governo é arrepiante.
Mas o mais curioso de tudo isto é a decisão da maioria de promover um inquérito parlamentar sobre todo este processo. Sabendo do calculismo da maioria parlamentar que, regra geral, retira do debate parlamentar o que lhe cheira a incomodidade, a decisão de o fazer leva água no bico e essa é a minha curiosidade. O que é que afinal a maioria parlamentar espera obter do esclarecimento?
Em meu entender, o que é crucial, independentemente do apuramento óbvio e necessário de responsabilidades (a estranheza na decisão da maioria tem que ver com o seu calculismo), é trabalhar no sentido de um código de conduta do gestor público que reflita o pós crise financeira, questão que continua sujeita a um imenso branqueamento por parte dos que teimam em considerar que  afinal nada se passou.

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