(Infografia do Jornal Público)
O jornalismo de investigação de Raquel Almeida
Correia sobre o caso dos SWAP nas empresas públicas continua a dar frutos e a
permitir que o cidadão comum vá percebendo melhor os contornos de toda esta
embrulhada. Esperam-se as declarações do ministro das Finanças (creio que na sexta
feira próxima) sobre a matéria para ver se o aparente silêncio do governo sobre
o assunto encobre algum aspeto menos claro.
No meu post
anterior, intuí que no processo haveria algo mais do que uma simples cobertura
de risco. A desregulação sofisticada do sistema financeiro fez das suas não
apenas no mundo das empresas privadas e seduziu o mundo dos gestores públicos
do bloco central. A investigação da jornalista do Público esclarece que existem
sinais de cobertura especulativa em algumas operações, como é óbvio com a conivência
interessada de banca especializada e sonante, alguma da qual com comportamento repreensível
no âmbito da crise financeira de 2007/08. A dimensão dos valores envolvidos
menoriza claramente a magnitude dos cortes associados à decisão do Tribunal Constitucional
e sobre tal desproporção o silêncio do governo é arrepiante.
Mas o mais curioso de tudo isto é a decisão da
maioria de promover um inquérito parlamentar sobre todo este processo. Sabendo
do calculismo da maioria parlamentar que, regra geral, retira do debate
parlamentar o que lhe cheira a incomodidade, a decisão de o fazer leva água no
bico e essa é a minha curiosidade. O que é que afinal a maioria parlamentar
espera obter do esclarecimento?
Em meu entender, o que é crucial,
independentemente do apuramento óbvio e necessário de responsabilidades (a
estranheza na decisão da maioria tem que ver com o seu calculismo), é trabalhar
no sentido de um código de conduta do gestor público que reflita o pós crise
financeira, questão que continua sujeita a um imenso branqueamento por parte
dos que teimam em considerar que afinal
nada se passou.
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