domingo, 14 de abril de 2013

PUM!

(Fotos de Leonel de Castro – Global Imagens, http://www.jn.pt)
 
Mais um episódio – será finalmente o episódio final ou só o penúltimo? – dessa política marialva que tomou de assalto a cidade do Porto na última dúzia de anos. Em mais “um ato de seriedade política”, dos incontáveis que deixará como marcas indeléveis, Rio lá fez implodir mais uma torre do Aleixo para gáudio de uma elite aparolada e de uma certa fidalguia decadente e em benefício dos participantes no fundo especial de investimento imobiliário que ali construirá um complexo residencial de luxo.
 

O vereador Manuel Correia Fernandes, que também é arquiteto e professor catedrático, explicou que o bairro do Aleixo “é dos melhores que se fizeram” na “fase em que se construiu muito bem” imediatamente anterior ao 25 de abril de 1974, que o mesmo “não era propriamente um bairro camarário ou para pessoas insolventes” e que o dito ainda está em boas condições. Lembrou que a operação aprovada para o Aleixo “não deu, até ao momento, quaisquer frutos e tudo leva a crer que nunca os dará”, que “as contrapartidas anunciadas pela demolição daquele bairro social não se concretizaram” e que “estão a ser utilizadas casas de outros bairros sociais para realojar as pessoas que saem do Aleixo, tapando assim a entrada de outras pessoas”. E acrescentou que, “mesmo em tempo de crise profunda”, “a cidade vai abater ao seu património mais 3,9 milhões de euros que se somam a outros 3,9 milhões que, há cerca de um ano, também ficaram reduzidos a pó em menos de cinco segundos”.

Tudo bullshit, “um disparate, sem pés nem cabeça”, respondeu o edil-mor – a demolição do Bairro do Aleixo é a melhor solução e “custa zero aos cofres municipais” (não paga os explosivos, não degrada o património!). Além de que “nem que eu tivesse mudado de ideias, que não mudei, estou cada vez mais convencido da razão que me assiste” (sempre!) e, “do ponto de vista político”, esse foi o “principal tema de campanha eleitoral das últimas eleições, em 2009” (foi?) e, portanto, “estamos obrigados a fazer aquilo que foi sufragado maioritariamente pelo povo do Porto” (político de palavra!). 

Os passadores de droga, entretanto, já trataram de mudar de pouso…

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