Vai por aí uma tão pegada trapalhada que já não as agarro!
Enquanto Draghi procura disfarçar com cambalhotas e ditos infantis alguns saltos mortais com dupla pirueta, os seus diretores no BCE prosseguem na aplicação implacável de receituários punitivos. Enquanto os técnicos do FMI reconhecem os vícios contidos nos seus cálculos de multiplicadores ou os excessos das suas condicionalidades, a impávida Lagarde reza a cartilha da ortodoxia ou propõe o recurso aos depósitos dos cidadãos. Enquanto Durão luta afanosamente por agradar a todas as partes e repete discursos desencontrados consoante a hora e o local, o “schaubliano” Rehn não cede um milímetro naquela sua inaudível e monocórdica lengalenga.
Por cá, Cavaco discrimina entre filhos e enteados, varia entre o Natal e a Páscoa e desfolha o malmequer europeu ao sabor dos dias. Enquanto Ferreira Leite parece ir esmorecendo nesse seu platónico amor, mas é incapaz de o deixar a tomar chá sozinho. Ao contrário do que se passa com a obediência laranja dela e de seus amigos brasonados, assim deixando Passos entregue às crianças e à criadagem. Enquanto Portas faz de polícia bom e encomenda inconveniências próprias de polícia mau a Pires, Feio e Bagão. Ao contrário do que se passa no PS, onde cada um atira a tudo o que mexe sem afetar o “segurismo” na unanimidade profunda que soube conquistar a socráticos e “costistas”. Enquanto o povo…
Foi neste portentoso enquadramento, e já durante esta semana, que Manuela Ferreira Leite inaugurou o seu novo espaço de comentário na SIC-N falando-nos dos acontecimentos posteriores à decisão do Tribunal Constitucional sobre o orçamento de Estado de 2013 como um teatro com variadíssimas peças nada consequentes.
Na imagem lá mais acima, um registo dos dois artistas principais num momento de excecional teatralidade. Na imagem imediatamente abaixo, um instantâneo do sacristão que veio ajudar à missa com duas declarações (da Comissão Europeia sobre Portugal e do Presidente José Manuel Durão Barroso sobre a situação em Portugal) a não perder em circunstância alguma – onde se fala da “crescente confiança dos investidores em Portugal” e da “continuação da implementação determinada do programa” como constituindo “a melhor forma de restaurar um crescimento económico sustentável e de melhorar as oportunidades de emprego em Portugal”.
Tudo visto e ponderado, há que dizer com frontalidade que Gaspar foi exímio no aproveitamento a seu favor de todas as potenciais razões – pessoais e políticas, internas e externas – para uma dramatização e assim reforçou as condições de aplicação do seu totalitário programa e pressionou a irreversibilidade de um rumo (?) ideologicamente determinado e germânicamente monitorado.
As marés, essas, continuam a ser mais que os marinheiros…
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