sexta-feira, 12 de abril de 2013

O BEM-ESTAR DO ESTADO SOCIAL



Tempo bem gasto com a participação no seminário da APDES a quem agradeço o convite e sobretudo a possibilidade de cruzar pensamento com o Rui Tavares e com a Dra. Alcina Ló que trabalha no Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD), presente por impossibilidade do Dr. João Goulão.
Não vou falar da minha intervenção, pois ela acabou por sintetizar aspetos que tenho desenvolvido ao longo da participação no blogue. Limito-me a salientar a relevância da boa prática da política pública portuguesa em matéria de redução e prevenção de comportamentos aditivos que corre o risco de ir pelo cano com o aperto orçamental e a reconhecer a nossa incapacidade de valorizar o que fazemos bem e é reconhecido como pioneiro e inovador a nível internacional. O mesmo para a intervenção de Rui Tavares, essencialmente pelo trabalho que tem vindo a fazer sobre o estudo comparativo da Grande Depressão de 1930 com a Depressão em que estamos mergulhados, com elementos interessantes sobre as perceções que Roosevelt acabou por ter da necessidade de viragem da política económica americana iniciada pelo Presidente Hoover e com uma proposta na qual me revejo de romper o campo restrito da dicotomia austeridade – crescimento.
Na conversa pós debate, deu para perceber que Rui Tavares mantém proximidade à obra do pensador inspirador deste blogue, Albert O. Hirschman e a ele devo a comunicação de que acaba de sair a sua grande biografia de autoria de Jeremy Alden. Na senda da conversa, tempo ainda para rever a experiência de Rui Tavares na dinamização da iniciativa Youth in Crisis, organizando a ida ao Parlamento Europeu de 15 jovens portugueses, bem documentada no Público de hoje. E uma boa maneira de rematar esta questão é a sugestão do próprio Rui Tavares em designar a iniciativa dos jovens portugueses de VOZ ATIVA. Continuamos no domínio da influência das ideias de Hirschman.
De regresso às lides, dou entretanto com um mail de Daniel-Vaughan Whitehead, coordenador na OIT do projeto European Social Model Project que inspirou a minha intervenção no debate, que dá conta de algumas notícias promissoras. A Conferência da OIT para a Europa, realizada esta semana em Oslo, com a participação de ministros e chefes de Estado, grandes empregadores e representantes sindicais, mas também do FMI, da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu colocou surpreendente no topo da discussão o tema da preservação do Modelo Social Europeu, sobretudo da concertação social. Segundo Daniel-Vaughan Whitehead vários governos fizeram eco da importância que atribuem à ação da OIT no sentido de evitar o desmantelamento do Modelo Social Europeu. Simples retórica ou margem de manobra para a organização? Será que alguns já perderam a confiança no espaço institucional da Comissão Europeia?

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