Tempo bem gasto com a participação no seminário
da APDES a quem agradeço o convite e sobretudo a possibilidade de cruzar
pensamento com o Rui Tavares e com a Dra. Alcina Ló que trabalha no Serviço de
Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (SICAD), presente por
impossibilidade do Dr. João Goulão.
Não vou falar da minha intervenção, pois ela
acabou por sintetizar aspetos que tenho desenvolvido ao longo da participação
no blogue. Limito-me a salientar a relevância da boa prática da política pública
portuguesa em matéria de redução e prevenção de comportamentos aditivos que
corre o risco de ir pelo cano com o aperto orçamental e a reconhecer a nossa
incapacidade de valorizar o que fazemos bem e é reconhecido como pioneiro e
inovador a nível internacional. O mesmo para a intervenção de Rui Tavares,
essencialmente pelo trabalho que tem vindo a fazer sobre o estudo comparativo da
Grande Depressão de 1930 com a Depressão em que estamos mergulhados, com
elementos interessantes sobre as perceções que Roosevelt acabou por ter da
necessidade de viragem da política económica americana iniciada pelo Presidente
Hoover e com uma proposta na qual me revejo de romper o campo restrito da
dicotomia austeridade – crescimento.
Na conversa pós debate, deu para perceber que Rui
Tavares mantém proximidade à obra do pensador inspirador deste blogue, Albert
O. Hirschman e a ele devo a comunicação de que acaba de sair a sua grande biografia de autoria de Jeremy Alden. Na senda da conversa, tempo ainda para
rever a experiência de Rui Tavares na dinamização da iniciativa Youth in Crisis, organizando a ida ao Parlamento
Europeu de 15 jovens portugueses, bem documentada no Público de hoje. E uma boa
maneira de rematar esta questão é a sugestão do próprio Rui Tavares em designar
a iniciativa dos jovens portugueses de VOZ ATIVA. Continuamos no domínio da
influência das ideias de Hirschman.
De regresso às lides, dou entretanto com um mail
de Daniel-Vaughan Whitehead, coordenador na OIT do projeto European Social Model Project que inspirou a minha intervenção no
debate, que dá conta de algumas notícias promissoras. A Conferência da OIT para
a Europa, realizada esta semana em Oslo, com a participação de ministros e chefes
de Estado, grandes empregadores e representantes sindicais, mas também do FMI,
da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu colocou surpreendente no topo da
discussão o tema da preservação do Modelo Social Europeu, sobretudo da
concertação social. Segundo Daniel-Vaughan Whitehead vários governos fizeram
eco da importância que atribuem à ação da OIT no sentido de evitar o desmantelamento
do Modelo Social Europeu. Simples retórica ou margem de manobra para a
organização? Será que alguns já perderam a confiança no espaço institucional da
Comissão Europeia?
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