segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

A CATARSE DO POVO


Hoje queria ter o domínio das categorias da identidade nacional de José Gil, o encanto das palavras de Fernando Alves nos Sinais da TSF (Mais grande que) e as capacidades de outros escribas para descrever a capacidade de catarse dos portugueses quando homenageia o desaparecimento dos símbolos do povo.
Será que o momento particular que a sociedade portuguesa atravessa explica esta necessidade de catarse? Ou será simplesmente que a personalidade de Eusébio Ferreira da Silva, alguém do povo que nunca deixou de ser povo (dizia ontem Marcelo), alguém que não tinha inimigos nem invejas (Pinto da Costa dixit), explica esta identificação do povo com o símbolo?
Certamente que o voyeurismo das imagens incomoda, mesmo no momento do reencontro com a terra, que se desejaria mais intimista e tranquilo, mas a maior parte dos testemunhos que se foram ouvindo não faziam parte das imagens de plástico, eram testemunhos do povo, simples como o desaparecido.
Não posso deixar de ver nesta catarse tremenda a marca identitária dos portugueses em torno da sua capacidade imensa de interagir e de se dar com o outro, apesar de todos os perigos da situação atual nos conduzirem frequentemente ao seu contrário, ao fechamento sobre nós mesmos, às dúvidas sobre a situação do outro.
E fica-me a sensação de quem não perceber a dimensão desta catarse e o que está a ela subjacente não poderá nunca assegurar a governação de povo tão estranho e singular.

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