sábado, 25 de janeiro de 2014

CHARADA SOBRE A GRÉCIA



A tentativa de branqueamento dos custos de ajustamento da crise das dívidas soberanas ainda agora saiu do adro e até às eleições europeias vai prosseguir com requintes de malvadez. A tentativa é tão ambiciosa que envolve mesmo a Grécia, claro com o pretexto de mostrar que, mesmo onde o ajustamento teve de ser mais violento, a via punitiva é purificadora, redimindo os pecadores e indisciplinados. A recuperação virá como uma recompensa pretensamente agilizada pelos amos e senhores.
É claro que (Mark Wiesbrot, The Guardian) “quatro anos passados, a Grécia tem o seu rendimento nacional abaixo 25% do nível antes da recessão, um dos piores resultados, comparável à pior recessão na Grande Depressão americana. O desemprego ultrapassou 27% e mais de 58% para os jovens com menos de 25 anos. Há menos Gregos empregados do que havia nos últimos 33 anos. E a despesa pública real em saúde foi cortada em mais de 40%, numa época em que o sistema de saúde é mais necessário”.
Ora as perspetivas de retorno ao crescimento da Grécia são pela tentativa de branqueamento atribuídas aos benefícios redentores da via punitiva. Mas o que o branqueamento parece ignorar é que o governo grego aprovou recentemente um vigoroso plano de estímulo à economia grega de 7,5 mil milhões de euros, equivalente a 2,7% do PIB grego gerado no período de aplicação do programa. Ora, a isto é que eu chamo uma grande lata da parte dos arautos da via austeritária e punitiva. Claro que valerá a pena discutir como é que esse programa será compatível com uma dívida pública de 176% do PIB, quando no início do processo esse rácio era de 115%. Mas com o branqueamento de vento em popa essa interrogação será considerada uma minudência.
Será que as eleições europeias vão perpetuar que este cinismo continue no poder?

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