domingo, 12 de janeiro de 2014

VIRAGEM?


Ainda a propósito de algum embandeiramento em arco a propósito da continuada diminuição do desemprego registada pelas estatísticas nacionais (“a viragem”), os dados acima (trabalhados por Filipe Paiva Cardoso no ”Jornal i”) indicam claramente que valerá a pena olhar a coisa um pouco mais de perto.

Com efeito, se ao registo oficial de 839 mil desempregados no terceiro trimestre de 2013 adicionarmos os trabalhadores empregados por apenas uma a dez horas semanais (915 mil) – nos quais reside o essencial da tão saudada recuperação do mercado de trabalho – chegamos a um absurdo total de 1,754 milhões de pessoas (cerca de um terço da população ativa em Portugal) em situação de manifesta precariedade de rendimentos.

Ou seja: entre o final de junho e o final de setembro o total de desempregados caiu efetivamente em 50 mil pessoas, mas foi de 403 mil o número dos que perderam emprego a tempo inteiro ou parcial superior a onze horas semanais e só o facto de terem sido criadas quase 465 mil ocupações até dez horas semanais permite a proclamação de um sucesso que é real nas estatísticas mas enganoso na sociedade.

“Um retrato que se compõe”? Concedo, desde que tomada na devida conta a imprescindível ajuda de uma dose exagerada de maquilhagem...

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