(PLAINPICTURE/FSTOP, http://www.lemonde.fr)
Os recentes posts “Desigualdades” do meu parceiro aqui do lado deixaram no ar algumas perplexidades e uma interrogativa sobre a reação que poderiam despertar no debate nacional os dados infografados pelo “El País”. Ora a verdade é que o assunto já tinha sido colocado em cima da mesa do dito debate por Pedro Magalhães (PM) no seu blogue “Margens de Erro” num texto de 29 de dezembro intitulado “As consequências sociais da austeridade. Algumas dúvidas.”, ao qual deu sequência dois dias depois (“Consequências sociais da austeridade: respostas e mais dúvidas.”) ripostando a vários comentários que recebera. Valerá certamente a pena incorporar estes elementos de reflexão numa análise mais aprofundada e “com pinças” do tema.
Entretanto – e pior! – o facto de o António Figueiredo procurar aproveitar bem o seu tempo, não o desperdiçando com coisas de determinadas tipologias, explicará que lhe tenha escapado o aproveitamento oportunista da honestidade intelectual de PM que de imediato foi feito por José Manuel Fernandes (JMF) na sua coluna das Sextas-Feiras no “Público” (“O mundo não está assim tão mal, e Portugal também não”). Assim: “uma parte da surpresa [de PM] tem origem na forma enviesada e pouco objectiva, mas muito melodramática, como temos noticiado e comentado a nossa crise e a nossa austeridade”. Ou assim: “fica a evidência contra-intuitiva de que as coisas não terão corrido tão mal como se tem proclamado. Ou como esperaria quem apenas ouvisse as queixas de quem sofreu os cortes e nos quis fazer crer, porventura até com a melhor das intenções, de que a sua razão de queixa não era em causa própria mas em nome de quem está no fundo da escala social.” Ou ainda assim: “Mas tudo isto ajuda-nos a perceber melhor essa outra realidade que também começou a surpreender-nos na segunda metade do ano passado, a viragem na evolução do desemprego e nos principais indicadores económicos. Ou seja, há um retrato que se compõe e que nos permite ser um pouco menos pessimistas.”
Há gente que ainda não percebeu – ou que não quer perceber? – o terrível alcance do verdadeiro drama em que estamos metidos. Gente que insiste na recusa de ver o que a rodeia. Gente que dispensa fundamentos, razões e origens últimas. Gente que finge acreditar na Carochinha e no Pai Natal que nos impingem os senhores do mundo. Não, JMF, a questão que nos envolve e domina não é de otimismo versus pessimismo em face de uns quantos indicadores sociais de duvidosa comparabilidade (nomeadamente em termos de forma de recolha e incidência temporal), a questão é mesmo de um foro incomparavelmente mais grave porque se traduz em riscos muito sérios de passadas irreversíveis para a inexistência…
Entretanto – e pior! – o facto de o António Figueiredo procurar aproveitar bem o seu tempo, não o desperdiçando com coisas de determinadas tipologias, explicará que lhe tenha escapado o aproveitamento oportunista da honestidade intelectual de PM que de imediato foi feito por José Manuel Fernandes (JMF) na sua coluna das Sextas-Feiras no “Público” (“O mundo não está assim tão mal, e Portugal também não”). Assim: “uma parte da surpresa [de PM] tem origem na forma enviesada e pouco objectiva, mas muito melodramática, como temos noticiado e comentado a nossa crise e a nossa austeridade”. Ou assim: “fica a evidência contra-intuitiva de que as coisas não terão corrido tão mal como se tem proclamado. Ou como esperaria quem apenas ouvisse as queixas de quem sofreu os cortes e nos quis fazer crer, porventura até com a melhor das intenções, de que a sua razão de queixa não era em causa própria mas em nome de quem está no fundo da escala social.” Ou ainda assim: “Mas tudo isto ajuda-nos a perceber melhor essa outra realidade que também começou a surpreender-nos na segunda metade do ano passado, a viragem na evolução do desemprego e nos principais indicadores económicos. Ou seja, há um retrato que se compõe e que nos permite ser um pouco menos pessimistas.”
Há gente que ainda não percebeu – ou que não quer perceber? – o terrível alcance do verdadeiro drama em que estamos metidos. Gente que insiste na recusa de ver o que a rodeia. Gente que dispensa fundamentos, razões e origens últimas. Gente que finge acreditar na Carochinha e no Pai Natal que nos impingem os senhores do mundo. Não, JMF, a questão que nos envolve e domina não é de otimismo versus pessimismo em face de uns quantos indicadores sociais de duvidosa comparabilidade (nomeadamente em termos de forma de recolha e incidência temporal), a questão é mesmo de um foro incomparavelmente mais grave porque se traduz em riscos muito sérios de passadas irreversíveis para a inexistência…
(Rodrigo Matos, http://expresso.sapo.pt)
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