Não li o livro do polémico corretor de bolsa Jordan Belfort, mas já conheço o bastante de histórias relacionadas com os pecados do mundo da alta finança e dos negócios financeiros, incluindo as muitas contadas em tantos filmes de sucessivas épocas. E também não sou propriamente um fã de Leonardo Di Caprio, que reconheço como um bom ator mas raramente me convence naquela sua figura eternamente ameninada. Parti assim para o filme sem grandes expectativas que não fossem as de um reencontro com o realizador de “Taxi Driver”, Martin Scorsese.
Tudo foi afinal para lá do que previa. Uma narrativa estonteante, onde imperam vícios e excessos de toda a ordem e que consegue ser grotesca até ao fio da navalha, abordando a cobiça, a sofreguidão e o prazer associados ao dinheiro, à riqueza e ao poder (ou, no dizer do director, “a história da obscena mentalidade de um negócio apodrecido”). O protagonista fazendo o seu melhor papel de sempre e sendo muito bem acompanhado pelo restante elenco, com destaque para o fabuloso pequeno papel de Matthew McConaughey como um convincente fanático da atividade de intermediação em Wall Street. Scorsese voltando ao seu melhor e dirigindo um filme em que tempera o seu talento e a sua técnica com a experiência acrescida de quem viveu, observou e concluiu.
Um filme enorme, não só porque dura três horas mas principalmente porque consegue envolver o espectador e mexer com ele, conseguindo a tripla simultânea de o satisfazer, inquietar e elucidar...
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