O discurso do Estado da Nação de Obama voltou a
colocar o tema da desigualdade na agenda política americana, como algo que está
a minar alguma das características de oportunidades de mobilidade social em
regra imputadas ao modelo americano.
No dia 27 passado, Jared Bernstein no Economix do New York Times situava a questão em termos muito simples que vale a pena aqui
reproduzir.
Primeira visualização do problema: enquanto que a
mediana do salário real de trabalhadores a tempo inteiro desceu
significativamente após 2007, a percentagem dos lucros empresariais no
rendimento nacional atingiu valores muito elevados face à história americana. Moral
da história: a estagnação do salário horário projeta-se na pujança dos lucros. Bernstein
põe em evidência que mesmo em termos médios a remuneração real tem aumentado
menos do que a produtividade, apesar também da percentagem de trabalhadores com
salários mais baixos com alguma educação ter vindo a aumentar na economia
americana desde 1960.
Segunda visualização: o comportamento dinâmico divergente
do custo unitário em trabalho e do lucro unitário, penalizando o primeiro,
mostra que tendo em conta o crescimento da produtividade favorece os lucros.
Jared Bernstein sintetiza o problema, mostrando
que o contrato social americano está em perigo: o “estuda, trabalha duro, respeita
as regras e terás oportunidades de compensação” parece estar bloqueado.
Born in USA: apenas?
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