Trabalho que baste e sobretudo complexo porque se
trata de concretizar exercícios de avaliação ex-ante de programas operacionais 2014-2020 no reino da incerteza
ainda reinante e com grande confusão de informação disponível para as trabalhar.
Por isso, pouco tempo para “blogar”, limitado hoje a uma reflexão singela sobre
um raro e profundo momento de realismo social radiofónico. No meio do tráfego e
atormentado por uma humidade que nos massacra as “guelras”, apanha-se um
momento de realismo na reportagem de hoje na TSF, no período depois do noticiário
das 19. Uma reportagem de Cristina
Santos e Alexandrina Guerreiro (sonoplastia) sobre gente sem abrigo reconhecida
pela Santa Casa de Misericórdia de Lisboa como tendo formação superior com
frequência avançada da universidade.
Largamos a representatividade estatística, a
correção do método, a pureza e rigor das fontes para simplesmente ouvir gente que
se deixou cair, seja na droga seja no seu sucedâneo do álcool, mesmo que hoje
abandonada a primeira e controlado o segundo. Gente que se deixou cair, todos
podemos ter momentos desses, e que percorre penosamente na rua o eventual
percurso de regresso, que provavelmente nunca chegará para alguns. Gente que
gosta de música clássica como qualquer um de nós, que traz sempre um livro no
bolso mais largo, que visita vezes sem conta os bancos mais amigáveis dos
jardins mais aprazíveis e não condicionados para desincentivar a passagem da
noite.
O choque afetuoso com a temperatura da nossa casa
aquecida e confortável que nos acolhe depois de um dia intenso de trabalho não
apaga o impacto do realismo social radiofónico de Cristina Santos e Alexandrina
Guerreiro.
Só por hoje é simplesmente a verbalização por parte de um dos protagonistas da reportagem da sua sobrevivência diária.
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