O FreeExchange do Economist iniciou um estimulante debate sobre os riscos de
deflação na União Europeia. A revista não pode ser conotada com qualquer
conspiração contra as instituições europeias, pelo que o significado do
lançamento do debate em pleno janeiro de 2014 deve ser sublinhado. Enquanto que
as personalidades pardas da União Europeia se esforçam por branquear o
desacerto que mina o projeto europeu e transforma países penitentes em heróis
redimidos, Guillerme Calvo (ColumbiaUniversity) analisa com inteligência os riscos de deflação. Em primeiro
lugar, Calvo analisa as consequências de uma eventual recuperação económica e
subida das taxas de juro nos Estados Unidos sobre movimentos de saída de
capitais seja da União Europeia, seja das economias emergentes. Se o movimento
de saída de capital atingir essencialmente o espaço europeu (o que pode não
acontecer), com um BCE avesso (a Alemanha assim o impõe) a qualquer risco
inflacionário então o risco pode ser o fortalecimento do euro e a deflação. Calvo
entende como letal o risco de a um fortalecimento do euro poder juntar-se a
deflação. Não só a deflação aumenta a dívida em termos reais, como a
expectativa de que os preços continuem a descer é elevada. O primeiro efeito
perturba os fluxos de crédito e a segunda tende a reduzir a procura agregada.
Calvo sintetiza a questão pondo em evidência que a
recuperação europeia está dependente das suas próprias debilidades estruturais e
do papel crescente que os mercados emergentes tenderão a assumir. De qualquer
modo, não é tempo para branqueamentos. É tempo para atacar as debilidades da
arquitetura europeia.
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