A blogosfera económica revitalizou o interesse da
opinião pública com alguma literacia económica pelo poder de ilustração que os
gráficos revelam em economia. Os gráficos estão para a economia como a imagem
está para a comunicação em geral. O caráter sugestivo e demonstrativo dos gráficos
está indissociavelmente ligado à qualidade da informação estatística e não é
por acaso que a economia americana é um alfobre imenso de ideias novas sobre os
diferentes modos de divulgação do que é efetivamente relevante em termos económicos.
O Economic
Policy Institute – Research and Ideas for Shared Prosperity publicou no passado dia 20 de dezembro de 2013 o que o instituto considera os 13 melhores
gráficos de 2013 sobre a economia americana. Destacarei aqui quatro desses gráficos
que respeitam a algumas matérias que têm merecido neste blogue intensa e permanente
atenção, sobretudo na medida em que configuram matérias em que o debate das
ideias é crucial para assegurar uma política económica que esteja para além da
simples ideologia.
O primeiro gráfico que abre este post diz respeito a matéria que deve
estar permanentemente pronta para se confrontar os ideólogos da retoma (estamos
a falar da economia americana) e que ainda não compreenderam o quanto desta vez
a retoma é diferente: a economia americana tinha em novembro de 2013 menos
1.300.000 empregos que no início da recessão em 2007 e cerca de 6.600.000 empregos
em falta que seriam necessários para absorver o potencial de força de trabalho
entretanto chegado ao mercado de trabalho. O que significa que a economia
americana tem em falta 7.900.000 empregos. Não dará este número que pensar mais
do que uma simples apologia da retoma?
O segundo gráfico explicita um dos grandes mistérios
da economia americana de hoje. O rácio “emprego/população” no escalão dos 25
aos 54 anos permanece misteriosamente bastante abaixo do valor de 2007 e
praticamente igual ao valor prevalecente na data em que a recessão americana
terminou, depois do pânico financeiro ter sido dominado.
O terceiro gráfico foca um dos custos mais
subestimados da recessão e das políticas de austeridade: o vertiginoso aumento
do número de indivíduos que nem está empregado nem está a procurar ativamente
um emprego. Ninguém parece dar atenção à quebra do produto potencial que está
aqui implícita.
O quarto gráfico, e por aqui me quedo, ilustra
para a economia americana o que Pacheco Pereira designava no seu desenho viral
no Quadratura do Círculo de autoestrada para a revolução das condições lesivas
da situação do trabalho: o aumento do rácio entre a remuneração dos CEO e os
salários do trabalhador-tipo.
Não há discurso ideológico e passes de magia que
apaguem estas evidências.
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