domingo, 5 de janeiro de 2014

GRÁFICOS DE 2013



A blogosfera económica revitalizou o interesse da opinião pública com alguma literacia económica pelo poder de ilustração que os gráficos revelam em economia. Os gráficos estão para a economia como a imagem está para a comunicação em geral. O caráter sugestivo e demonstrativo dos gráficos está indissociavelmente ligado à qualidade da informação estatística e não é por acaso que a economia americana é um alfobre imenso de ideias novas sobre os diferentes modos de divulgação do que é efetivamente relevante em termos económicos.
O Economic Policy Institute – Research and Ideas for Shared Prosperity publicou no passado dia 20 de dezembro de 2013 o que o instituto considera os 13 melhores gráficos de 2013 sobre a economia americana. Destacarei aqui quatro desses gráficos que respeitam a algumas matérias que têm merecido neste blogue intensa e permanente atenção, sobretudo na medida em que configuram matérias em que o debate das ideias é crucial para assegurar uma política económica que esteja para além da simples ideologia.
O primeiro gráfico que abre este post diz respeito a matéria que deve estar permanentemente pronta para se confrontar os ideólogos da retoma (estamos a falar da economia americana) e que ainda não compreenderam o quanto desta vez a retoma é diferente: a economia americana tinha em novembro de 2013 menos 1.300.000 empregos que no início da recessão em 2007 e cerca de 6.600.000 empregos em falta que seriam necessários para absorver o potencial de força de trabalho entretanto chegado ao mercado de trabalho. O que significa que a economia americana tem em falta 7.900.000 empregos. Não dará este número que pensar mais do que uma simples apologia da retoma?

O segundo gráfico explicita um dos grandes mistérios da economia americana de hoje. O rácio “emprego/população” no escalão dos 25 aos 54 anos permanece misteriosamente bastante abaixo do valor de 2007 e praticamente igual ao valor prevalecente na data em que a recessão americana terminou, depois do pânico financeiro ter sido dominado.

O terceiro gráfico foca um dos custos mais subestimados da recessão e das políticas de austeridade: o vertiginoso aumento do número de indivíduos que nem está empregado nem está a procurar ativamente um emprego. Ninguém parece dar atenção à quebra do produto potencial que está aqui implícita.

O quarto gráfico, e por aqui me quedo, ilustra para a economia americana o que Pacheco Pereira designava no seu desenho viral no Quadratura do Círculo de autoestrada para a revolução das condições lesivas da situação do trabalho: o aumento do rácio entre a remuneração dos CEO e os salários do trabalhador-tipo.

Não há discurso ideológico e passes de magia que apaguem estas evidências.
 

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