A infografia que o El País hoje publica sobre o tema dos efeitos que as políticas de austeridade
como forma de abordagem à crise das dívidas soberanas provocam na pobreza e na
desigualdade proporcionará por certo alguns sorrisos à governação da maioria.
Os dados valem o que valem, respeitam apenas ao
período 2007-2012, não incorporando portanto o ano de 2013, e sobretudo no caso
da desigualdade o indicador utilizado não é o mais pertinente, não publicando a
infografia dados sobre o coeficiente de Gini em Portugal.
Mas vejamos a informação publicada.
Em matéria de desigualdade, o indicador comparado
para Portugal e outros países é o rácio “Proporção do rendimento dos 20% mais
ricos /Proporção do rendimento dos 20% mais pobres”. Ora, para este indicador, Portugal
tem entre 2009 e 2012 uma evolução favorável, vendo esse rácio descer
continuamente de 6,5 para 6 (2009) e para 5,8 (2012). O que contrasta
significativamente com a posição da Espanha que passa de 5,5 para 6,4 e depois
7,2. E também com a Grécia que passa de 6,6 para 6 e depois para 6,8.
Por sua vez, em matéria de pobreza, a massa de
população em risco de exclusão tem em Portugal uma evolução percentual bem mais
baixa do que a dos restantes países (+0,5% contra +26,2% em Espanha, + 23,9% na
Grécia e + 31,2% na Irlanda.
Analisarei melhor as fontes em próximos posts. De
qualquer modo, tenho a intuição de que parte dos 20% mais ricos experimentou
também com as políticas de austeridade, sobretudo em termos de cortes de salários
e de impostos agravados, uma significativa penalização, o que pode explicar os
dados publicados pela infografia do El País.
Veremos que reação estes dados irão despertar no
debate nacional.
É preciso que os leitores comecem a interagir com este blogue, se não fica um pouco monótono.
ResponderEliminarO debate nacional não esperou pelo El Pais:
http://www.pedro-magalhaes.org/duvidas/
http://www.pedro-magalhaes.org/consequencias-sociais-da-austeridade-respostas-e-mais-duvidas/