Uma passagem pelo Congresso Eleitoral do PSE (“Towards a New Europe”) numa Roma estranhamente chuvosa e pouco acolhedora. Onde teve lugar a eleição do alemão Martin Schulz como candidato dos “Socialistas & Democratas” à presidência da próxima Comissão Europeia, com um quórum significativo em termos de figuras representativas e em posições de poder (como o vice-chanceler alemão Sigmar Gabriel, o primeiro-ministro francês Jean-Marc Ayrault ou o novo presidente do Conselho italiano Matteo Renzi, para só referir os mais sonantes).
Uma sensação algo desconfortável de dissonância – tipo “olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço” – entre o discurso da luta pelos valores e pela mudança sempre verbalizado nestas “missas” conjuntas e a prática política e nacionalmente justificada da cedência perante os interesses económico-políticos mais fortes e/ou do compromisso perante os puros e duros ditames impostos pela realidade concreta. Mas não deixou de ser inquestionável o registo de várias prosas de grande qualidade e potencial mobilizador.
Uma nota positiva para a adesão plena do Partido Democrático italiano ao PSE, contribuindo para a imagem de unidade que o Congresso visava e lograra aprofundar. Imagem essa quase em simultâneo afrontada pela declaração do líder trabalhista britânico Ed Miliband no sentido de que o seu partido não irá apoiar Schulz por divergência entre as “prioridades politicas” alegadamente federalistas e irresponsáveis deste e a visão da Europa por si defendida.
Uma referência especial é devida à intervenção de Massimo D’Alema (MD’A), o ex-comunista que foi primeiro-ministro italiano e é agora o presidente da FEPS (“Foundation for European Progressive Studies”), a qual constituiu um dos momentos intelectualmente mais altos do Congresso (durante o debate “Democratic Malaise and Populist Growth”, onde também se destacaram o sociólogo francês Michel Wieviorka e a académica Andrea Peto). De algum modo afastado das lides políticas mais ativas e exigentes, MD’A esteve brilhante na apresentação aos participantes das suas leituras (auto)críticas e das suas perspetivas atuais e futuras, sintetizando aliás as teses do pequeno livro que acabou de publicar (ver capa a abrir este post). Com vários temas a merecerem próximas revisitações e explorações...
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