Joaquín Almunia, Comissário Europeu da Concorrência, recordou há dias os números: desde a falência da Lehman Brothers, em Setembro de 2008, a Comissão Europeia e a sua DG intervieram já em 42 operações de reestruturação ou resolução de bancos e têm atualmente mais 23 em negociação; os valores em causa ainda só estão disponíveis até final de 2010, mas bastam para indicar a enormidade da respetiva ordem de grandeza – os governos europeus terão utilizado um montante de 1,6 biliões de euros (equivalentes a mais de 13% do PIB da UE) em ajudas aos seus bancos, sendo que três quartos foram aplicados em garantias e medidas de liquidez (quase 1,2 biliões) e que os restantes 400 mil milhões corresponderam a injeções de capital público para o tratamento de imparidades em ativos. O último “Informe Mensual” da “La Caixa” sintetiza esta informação nos termos do primeiro gráfico acima reproduzido (clicar sobre o gráfico para melhor visualização), acrescentando-lhe o impacto nas contas públicas (os passivos dos Estados terão crescido em mais de 640 mil milhões de euros, sendo 70% emissões de dívida, contra um crescimento superior a 560 mil milhões dos ativos, sendo 40% participações financeiras).
As somas envolvidas falam por si, pecando necessariamente por defeito se tivermos ainda em consideração as disponibilidades resultantes da política macroeconómica do BCE, quer em recorrentes injeções de liquidez (ver o segundo gráfico, retirado do diário espanhol “Expansión”, sobre as suas compras acumuladas de dívida da Zona Euro) quer em recentes esforços visando reforçar a margem de manobra das entidades financeiras da Zona Euro através de LTROs (“longer-term refinancing operations”) com taxas de juro em torno de 1% para empréstimos a 3 anos: 489,4 mil milhões de euros realizados após a primeira oferta (22 Dezembro 2011) e em torno de mais 500 mil milhões estimados para concretização ao abrigo da segunda oferta (ilimitada) que foi esta semana anunciada.
Conclusões e interrogações: (i) se fossem somáveis, os montantes dos quatro resgates até agora ocorridos na Zona Euro ascenderiam a um total de 403 mil milhões de euros (240, 85 e 78 para Grécia, Irlanda e Portugal, respetivamente) – não basta fazer as contas? (ii) tudo aquilo foi justificado pela imperiosidade de os bancos poderem prosseguir a sua função central de olearem o sistema produtivo através do crédito às empresas e às famílias – quid? (iii) como não compreender a perplexidade cidadã, tão ingenuamente sintetizada por El Roto (“El País”, http://www.elpais.com)?
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