terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A HIPOCRISIA DA STANDARD & POOR’S

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Ainda no Jornal de Negócios de hoje, uma pequena notícia que vale a pena focar, que mostra bem a incomodidade crescente com que os chamados “mercados” e as suas instituições de cobertura e cumplicidade como são as agências de rating começam a reagir às terapias da austeridade. Diria que se trata de um gradualismo que creio ser a primeira vez aparecer em letra de forma, anunciando a meu ver a referida incomodidade.
Reza assim a nota do Negócios, tendo por base uma conferência de Moritz Kraemer, responsável pelos ratings de dívida soberana para a Europa:
  • “A Standard & Poor’s alerta que o risco real para a Zona Euro é se os países forçarem demais para implementarem medidas de austeridade, o que pode resultar em mal-estar económico e agitação social”;
  • O risco real é se os pressionarem muito”, afirmou durante uma conferência, citado pela Dow Jones, um dia depois da agência de notação financeira ter anunciado um corte de “rating” para a Grécia, colocando a dívida de Atenas num patamar de “incumprimento selectivo”
Teremos entrado numa nova era de discurso sobre a austeridade como pretensa forma de acalmia dos mercados: pressionar sim, mas não muito, por conseguinte uma nova ciência de aplicação da austeridade, o gradualismo, não se sabe bem com que critério de aplicação. Imagina-se pela notícia que aplicado em função da dimensão política dos impactos: “O risco de ir por um caminho mais "populista" é maior porque os países tiveram de implementar medidas de austeridade para tentarem corrigir as contas. E com eleições à porta, há o risco de se tomarem medidas que vão contra as necessidades atuais”. Ah! Afinal os mercados atuam sempre num dado ambiente político-institucional. Há quem pretenda que não.

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